REGRESSO AO DESTINO
Há uma pequena notícia neste número que importa reter: pois dizem que pequenas brisas prenunciam grandes tempestades.
Dentro de alguns anos, vai se querer identificar a origem, e colocar-lhe uma data. Sugerimos que seja o dia em que o TURTLE entrou no Laboratório de Robótica do INESC TEC para os primeiros ensaios.
Recordemos: o TURTLE é um projeto visionário: construir o primeiro submarino autónomo (AUV) de águas profundas de Portugal – com ciência e engenharia portuguesas. Pela mão (ou génio criativo) dos investigadores do INESC TEC, certamente – mas também pelo labor construtivo da empresa A. Silva Matos, internacionalmente reconhecida em estruturas metalomecânicas (com aquisição de tecnologia da Ply Engineering, UK). Afinal, um submarino robótico depende de que a sua estrutura lhe proteja a inteligência.
Segue para ensaios de mar, com a Marinha portuguesa e o CINAV (Centro de Investigação Naval) – o primeiro veículo português a se preparar para visitar águas profundas, falamos de mais de mil metros, veremos quanto nesta e nas versões seguintes, três mil metros há de ser. Mas não é turismo: o TURTLE foi um projeto aprovado pela EDA (European Defense Agency) e é dual, serve propósitos civis e militares. Civis, pois é uma plataforma capaz de transportar sensores de muitas naturezas: acústicos, óticos, geomagnéticos, biológicos. Militares, pois poderá residir com autonomia de semanas no leito do oceano, espreitando por sonar a penetração de intrusos nas nossas águas.
Acompanharemos os progressos das provas de mar com emoção – é o regresso de Portugal ao seu desígnio, que agora é a Lusa Atlântida, esse imenso território de quatro milhões de quilómetros quadrados que teremos que explorar, para o legarmos às gerações vindouras.
Créditos foto: Science Daily