MARINEYE CRIA PROTÓTIPO PARA MONITORIZAR OCEANOS
INESC TEC CRIA SISTEMA AUTÓNOMO PARA MONITORIZAR OCEANOS DE FORMA INTEGRADA
Através do novo projeto MarinEye, um grupo de investigadores do INESC TEC criou um sistema autónomo que monitoriza de forma integrada os oceanos, permitindo uma gestão mais sustentável dos recursos marinhos e uma redução dos impactos de riscos ambientais.
Novo projeto de investigação marinha
Este sistema foi apresentado no dia 6 de maio, no Centro de Robótica e Sistemas Autónomos (CRAS) do INESC TEC, onde foram mostradas as diferentes tecnologias do sistema multitrófico.
O conceito de monitorização integrada dos oceanos desenvolvido pelos investigadores do projeto MarinEye (um protótipo multitrófico para monitorização oceânica) vai fornecer ferramentas que permitem identificar alterações na biodiversidade.
O projeto, liderado pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), foi desenvolvido em colaboração com vários grupos de investigação portugueses, nomeadamente o INESC TEC, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente - Politécnico de Leiria (MARE - IP Leiria).
Estrutura do protótipo
O protótipo que foi apresentado é composto por vários módulos.
Um sistema de multisensores vai integrar diferentes sensores físico-químicos, que por sua vez vão medir, por exemplo, parâmetros como temperatura, salinidade, oxigénio dissolvido, pH, entre outros, e uma plataforma de sensores óticos que vai ser validada para medição de dióxido de carbono dissolvido.
Outros elementos consistem, por um lado, num sistema de imagem de alta resolução, que recolhe imagens de fito e zooplâncton, para avaliar a sua abundância e biodiversidade, e, por outro, num sistema de acústica, com capacidade de fazer recolha de dados hidroacústicos, para obter informação relativa à presença de mamíferos marinhos e estimativas de abundância de peixes.
Finalmente, foi desenvolvido um sistema de filtração autónomo para filtrar e preservar o DNA/RNA de diferentes classes de tamanho das comunidades de micro-organismos que habitam e representam a maior biomassa dos oceanos.
O sistema inclui ainda uma plataforma de integração dos diferentes tipos de dados que vão ser gerados. Associado a esta plataforma, existe também um software que permite visualizar e sumariar os dados, além de desenvolver uma série de modelos cujo objetivo é integrar e identificar inter-relações entre os diferentes parâmetros químicos, físicos e biológicos obtidos através dos diversos módulos.
A importância da exploração marítima para o futuro
A habitabilidade do nosso planeta está dependente dos processos oceânicos, mas até à data não era viável observar e interpretar em simultâneo os diferentes componentes oceânicos, conjuntamente com diferentes níveis tróficos, desde microrganismos a mamíferos marinhos.
“Estamos convictos que o conceito de monitorização integrada e sincronizada no tempo e espaço de parâmetros físicos, químicos e biológicos, implementado no MarinEye, é essencial para o conhecimento da complexidade dos ecossistemas marinhos, e será certamente, num futuro próximo, implementado em diferentes observatórios oceânicos”, referem Catarina Magalhães, investigadora do CIIMAR e coordenadora do projeto, e Eduardo Silva, coordenador do CRAS.
No futuro, pretende-se operacionalizar esta tecnologia em contexto real e ainda integrar neste protótipo novas tecnologias, como por exemplo biossensores, no sentido de recolher o máximo de informação dos diferentes níveis do compartimento biológico in situ, referem os investigadores.
Uma equipa multidisciplinar
Os quatro parceiros nacionais que compõem a equipa do MarinEye tiveram diferentes papéis. O CIIMAR é o promotor do projeto e, juntamente com o IPMA e o MARE-Politécnico de Leiria, formaram uma equipa de biólogos e químicos de diversas especialidades, responsáveis pela validação das variáveis obtidas com os diferentes módulos do MarinEye. O INESC TEC incluiu uma equipa de investigadores na área da robótica, uma equipa especialista no desenvolvimento de sensores em fibra ótica e uma equipa de investigadores especialistas em análise de dados, responsáveis pelo desenvolvimento das componentes de robótica, sensores óticos e software de visualização e integração de dados, respetivamente.
O projeto MarinEye (PT02_Aviso4_0017) foi financiado pelo programa EEA Grants, em cerca de 400 mil euros.
O investigador do INESC TEC mencionado nesta notícia tem vínculo ao ISEP-P.Porto.
Créditos fotos capa e protótipo: http://marineye.ciimar.up.pt