Pensar Sério
Iniciativa Nacional para as Competências Digitais e.2030
por Pedro Guedes de Oliveira*
A Iniciativa Nacional para as Competências Digitais e.2030 (INCoDe.2030) não é bem um programa, no sentido convencional, com uma dotação orçamental e a abertura de concursos para projetos; é mais uma agenda vocacionada para mobilizar todos os setores da sociedade e governamentais, para o objetivo de colocar o País em condições de ser ganhador neste novo contexto da grande transformação digital.
Nesse sentido é um programa a médio prazo (embora, nestas coisas do digital, a próxima década seja já um longo prazo) e transversal na sua ação, quer quanto ao tipo de atividades em que se envolve, quer quanto aos estratos da população que visa, para o que está estruturado em 5 eixos:
O eixo da inclusão e literacia digitais, que procura que, de modo autónomo ou apoiado, ninguém fique excluído neste mundo cada vez mais vivido e operacionalizado através de meios digitais;
O eixo da educação, que visa os jovens em todo o seu percurso escolar, procurando, para além de os municiar com os conhecimentos tecnológicos necessários, estimulá-los, desde os primeiros anos de escolaridade, a serem capazes de desenvolver o pensamento computacional;
O eixo da qualificação, através do qual se procura dotar a população ativa com as competências profissionais adequadas para suprir as enormes necessidades de recursos humanos de que Portugal (felizmente) tem vindo a precisar de modo crescente;
O eixo da especialização, dedicado, sobretudo, ao ensino superior, através do qual se procura formar especialistas no vasto conjunto de áreas e disciplinas que são essenciais no desenvolvimento dos processos de mudança, que a transformação digital acarreta;
E finalmente, o eixo da investigação, em que se procura garantir que o País seja um protagonista, a nível internacional, em áreas fundamentais que vão da inteligência artificial à computação avançada, das comunicações à necessidade de, numa espécie de subsidiariedade digital, levar a computação tão próxima da geração de dados quanto possível, da energia à transformação do setor produtivo, do infindável mundo das aplicações, que passam pelo mar, pela saúde, pela agricultura, etc.
Pois bem, e como é que INESC TEC se posiciona, neste contexto?
Essencialmente, a dois níveis: um primeiro – não o mais relevante mas que é o que me faz estar a escrever este texto –, porque fui nomeado Coordenador Geral da iniciativa (no que sou apoiado pela Sofia Marques da Silva, da FPCEUP e pelo Nuno Rodrigues, do IPCA, como Coordenadores Adjuntos, e por uma equipa de Coordenadores de Eixo e um Secretariado Técnico) e esta coordenação está sediada no INESC TEC e é financiada através de um protocolo estabelecido com a FCT; mas, sobretudo, porque esta iniciativa não pode ficar circunscrita à ação governamental e só terá efeitos significativos se for capaz de mobilizar empresas e agentes privados e públicos – desde a própria administração, às universidades e politécnicos – e poucas instituições terão uma capacidade de ação e de estabelecimento organizado e efetivo de pontes entre estes vários setores, do que o INESC TEC.
* Coordenador geral do INCoDe.2030 e Consultor do Presidente do Conselho de Administração do INESC TEC