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INESC TEC melhora experiência dos utilizadores de Internet

Comissão Europeia destaca potencial para exploração comercial do projeto

É já no dia 31 de maio que chega o fim o projeto europeu CONVERGENCE, um trabalho que reuniu em consórcio 12 parceiros de seis países europeus e que contou com a intervenção da Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) do INESC TEC. O objetivo do projeto, com um orçamento total de mais de dois milhões de euros, era desenvolver uma abordagem inovadora para a Internet centrada em conteúdos que permitisse complementar e melhorar a arquitetura atual da Internet. Demonstrado entre 8 e 10 de maio na cidade irlandesa de Dublin, o CONVERGENCE viu ser destacado na avaliação da Comissão Europeia o seu posicionamento para a exploração comercial.

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Uma melhor experiência de navegação

No dia 31 de maio chega o fim um projeto no qual a Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM) do INESC TEC participou, que integra um conjunto de 12 parceiros europeus, designadamente CNIT - Consorzio Nazionale Interuniversitario per le Telecomunicazioni (coordenador), Alinari, Xiwrite S.r.l. e CEDEO.net (todos da Itália), Wipro (Portugal), Fondation Maison des Sciences de l’Homme e Saphran Morpho (França), Institute of Communication and Computer Systems e SingularLogic (Grécia), Universidade Ludwig-Maximilians (Alemanha) e UTI Systems (Roménia). Com um orçamento de mais de dois milhões de euros, o CONVERGENCE teve como objetivo desenvolver uma nova abordagem para a Internet com base em conteúdos que permitisse melhorar a experiência de navegação dos utilizadores.

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A Internet como a conhecemos baseia-se em localizações físicas dos servidores que armazenam informação, embora o utilizador comum não tenha consciência disso. Sempre que efetuamos uma pesquisa de informação na Web, o nosso browser dá-nos uma lista de conteúdos encontrados nos vários servidores disponíveis. Se por acaso o mesmo conteúdo existir em dois ou mais servidores, essa lista de resultados vai conter duas ou mais entradas para o mesmo conteúdo. Ao clicarmos em cima de uma dessas entradas, na realidade estamos a dizer ao browser que vá buscar o conteúdo que desejamos a uma determinada localização. Quer isto dizer que, em última instância, é o utilizador quem decide a localização de onde o conteúdo vai ser obtido, embora isso passe despercebido para a maioria dos utilizadores. Se por acaso o conteúdo que desejamos estiver disponível num servidor no Porto e num outro localizado no Japão, e clicamos na entrada correspondente ao servidor no Japão, essa não é a melhor escolha pois o conteúdo terá que percorrer uma série de redes até chegar até nós.

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É isto que o projeto CONVERGENCE pretende alterar, inaugurando um novo paradigma para a Internet onde a localização dos conteúdos deixa de ser relevante. Para aceder a um conteúdo, o utilizador só tem de submeter um pedido ao sistema sobre determinado tema, recebendo uma lista de resultados com entradas únicas. Depois o sistema encarrega-se de lhe fornecer o conteúdo, escolhendo ele próprio a melhor localização, conseguindo otimizar a utilização dos recursos de rede e melhorar a experiência do utilizador. Outro aspeto de melhoria da Internet promovido pelo CONVERGENCE está relacionado  com o conceito de publicação-subscrição em que se descorrelaciona a altura em que o utilizador faz uma pesquisa do momento em que os conteúdos são efetivamente consumidos. De acordo com Teresa Andrade, investigadora da UTM e representante do INESC TEC neste projeto, “isto quer dizer que o utilizador não tem de estar constantemente a fazer a pesquisa, mas simplesmente submeter um interesse ao sistema sobre determinado tema apenas uma vez”. O sistema irá então tentar procurar correspondências com o pedido e enviá-las ao utilizador, sendo que cada vez que surge na rede um novo conteúdo com essas características, aquele é notificado.

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Resultados práticos com “mão” do INESC TEC

Esta nova arquitetura da Internet é composta por níveis e o CONVERGENCE trabalhou na camada de rede e na camada acima, o chamado middleware, que faz interface com as aplicações. Este nível de middleware é um nível mais inteligente que percebe, por exemplo, as subscrições dos utilizadores, comparando-as com as publicações, e extraindo metadados das publicações para fazer essas comparações. Foi nesta componente que o INESC TEC esteve envolvido, desenvolvendo vários módulos de software para manipular estes dados. Para além de Teresa Andrade, o INESC TEC esteve ainda representado por Fernando Almeida e Hélder Castro, também da UTM.

Sempre na camada de middleware, o INESC TEC desempenhou ainda um papel importante num mecanismo chamado Digital Forgetting, que permite eliminar todas as cópias de um conteúdo na Internet. “Imaginemos que publicamos fotos com um namorado e que passado um tempo a relação termina e já não queremos que aquele conteúdo fique visível. Isto é um processo complicado porque as fotos estiveram disponíveis e há cópias que podem ter sido partilhadas”, explica Teresa Andrade. “Com o mecanismo que desenvolvemos seria possível detetar todas as cópias e dar ordem ao sistema – que terá de ter um software compatível com o CONVERGENCE – para eliminar o conteúdo”, adianta.

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Outra contribuição importante do INESC TEC destacada pela investigadora tem a ver com as normas internacionais do MPEG utilizadas pelo projeto, e criadas para definir padrões para a compressão e transmissão de áudio e vídeo e manipulação de informação multimédia em rede. “Um dos casos de uso do projeto era um contexto de aula em que um professor publicava informação sobre o que lecionava. Posteriormente, os alunos colocavam questões e outros colegas respondiam a essas mesmas questões, sendo que o professor podia confirmar as respostas ou acrescentar mais informação. Todos estes conteúdos estão interrelacionados e até agora não havia uma forma de dizer quais eram as relações entre eles”, revela Teresa Andrade. O INESC TEC desenvolveu então um mecanismo que permite estabelecer essa relação, com base em ontologias, que foi submetido ao MPEG e incluído na norma MPEG-21, alargando-a. Desta forma, quem submeter um interesse sobre este assunto, terá acesso a todos os conteúdos interrelacionados, ainda que tenham sido criados em instantes diferentes.

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Demonstração em Dublin com resultados promissores

A revisão final do projeto teve lugar em Dublin, de 8 a 10 de maio, tendo a Comissão Europeia destacado o posicionamento do projeto para a exploração comercial. Algumas das empresas envolvidas no consórcio mostraram-se interessadas em usar a tecnologia para disponibilizar os seus conteúdos com alguma segurança, nomeadamente a Wipro que tem interesse em instalar o sistema na sua linha de gestão de armazéns por forma a conseguir controlar o que entra e sai, e em ter uma representação digital dos produtos que transaciona.

“Um dos field trials apresentados em Dublin era com máquinas fotográficas. Imaginemos que um fabricante de máquinas fotográficas deteta uma anomalia no seu produto. Tendo esta representação digital do seu produto na Internet, é possível atualizar rapidamente os metadados que já existiam sobre aquele modelo e notificar automaticamente os clientes que tenham manifestado interesse em receber informações sobre aquela máquina”, explica a investigadora. E acrescenta ainda: “digamos que um utilizador quer receber informação sobre um modelo de uma máquina fotográfica com determinadas características que ainda não existe. Basta submeter um pedido ao sistema e assim que um modelo semelhante fique disponível, o utilizador é avisado”.

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A representação digital de qualquer objeto do mundo real – incluindo pessoas e serviços – que pode ser partilhada e manipulada na Internet advém do paradigma da Internet das Coisas (Internet of Things), integrada na nova Internet inaugurada pelo CONVERGENCE. Este é o primeiro projeto do INESC TEC na área da Internet das Coisas. O convite para integrar o consórcio partiu de Leonardo Chiariglione, membro do Scientific Advisory Board (SAB) do INESC TEC e cofundador do MPEG, e reconhece a experiência do INESC TEC com estas normas internacionais. Terminado o projeto, Teresa Andrade destaca sobretudo o livro sobre o projeto “que vamos publicar e que foi já submetido à Springer”, e ainda “a gratificação de poder aplicar aquilo que tínhamos aprendido anteriormente”. Para a investigadora, o CONVERGENCE representou um desafio adicional “porque se estava a tentar modificar a Internet tal como ela era, e trabalhar em cima de um novo paradigma é algo totalmente novo”, finaliza.