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Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - Testemunho da EDP, pela voz de João Torres.

Fora de Série

"A experiência de trabalhar no INESC Porto é simplesmente fabulosa. Há nesta instituição um conjunto de características únicas que fazem com que cada dia seja diferente", Rui Barros

A Vós a Razão

"O INESC Porto participou desde o seu arranque no programa de colaboração entre Portugal e a Universidade do Texas em Austin, estando activamente envolvido em 3 das 4 áreas em que este se desenvolve: UTEN, Digital Media e Advanced Computing...", Artur Pimenta Alves

Asneira Livre

"Tantas pessoas de diferentes nacionalidades faz com que eu goste mais ainda de ter escolhido fazer parte do meu doutoramento cá em Portugal...", Rodrigo Paiva

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC Porto...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC Porto, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género...

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

 

“Let there be light”

“Let there be light”

1. Abandona a coordenação da Unidade de Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos (UOSE) no ano anterior à celebração dos 25 anos do INESC Porto. Porquê agora?

O marco dos 25 anos da nossa Instituição é algo que deverá ser motivo de orgulho para todos aqueles que, no passado e no presente, contribuíram para a sua construção e consolidação como uma realidade de inegável importância na sociedade portuguesa no domínio da ciência/tecnologia e correspondente valorização económica. No entanto, a decisão de deixar a coordenação da UOSE não esteve associada a esta efeméride. Estava sim dependente da existência de condições favoráveis para que a Unidade prosseguisse sem demasiados sobressaltos a sua actividade (dentro dos nossos condicionalismos que fazem com que o dia-a-dia seja sempre um desafio permanente), projectando-se para o futuro com renovada energia. Desde há alguns anos a esta parte que se tornou claro que o factor crítico da sustentabilidade da UOSE no seu figurino actual era a continuação do estatuto INESC Porto/Laboratório Associado, em face do número significativo de investigadores INESC Porto/UOSE contratados nessa envolvente. Assim, caso se concretizasse essa renovação a altura seria a ideal para a mudança da coordenação da UOSE. Felizmente foi isso que aconteceu, daí a minha decisão de nesta altura solicitar à Direcção do INESC Porto a minha substituição (a qual, certamente, vinha sendo preparada há já algum tempo internamente à UOSE e junto da Direcção da Instituição). 

2. No entanto, pretende prosseguir a sua actividade enquanto investigador do INESC Porto. Pode-se dizer que o bichinho da investigação o obrigou a passar a coordenação para segundo plano?

O meu “estado fundamental” é ser docente da Universidade do Porto e elemento do INESC Porto, o que certamente contempla a componente investigação. É algo que gosto muito, não só pela actividade em si mas também pela oportunidade de poder contribuir para a formação pós-graduada de jovens. A coordenação da UOSE foi algo em que me empenhei totalmente ao longo dos anos, mas como tudo na vida é sempre importante perceber que há “um ir e um voltar”. Quando o voltar ao “estado fundamental” acontece planeadamente e numa perspectiva construtiva para todas as partes, pode-se dizer que a transição é natural e sem “dissipação de energia”. 

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3. Numa carreira repleta de feitos científicos e académicos, esta pergunta impõe-se: o que é que ainda lhe falta fazer?

Dentro de meses faço 50 anos. É uma altura adequada para se ir um pouco para o “cimo da colina”, olhar para trás e tentar fazer um balanço das coisas boas e menos boas que foram realizadas em todas as componentes da vida e, com base na experiência adquirida, tentar perspectivar os anos seguintes. Ao longo dos anos fui consolidando a convicção de que estamos cá para, amparando-nos mutuamente, prosseguirmos o nosso caminho individual/colectivo na procura de uma sociedade mais justa e mobilizadora das mais nobres e profundas aspirações do ser humano. Assim, e independentemente do retorno pessoal (que, aprendi, pode ser substancial cultivando uma atitude deste tipo), gostaria de poder continuar a construir este percurso de vida.

4. Mas se enquanto docente e cientista é detentor de um percurso invejável, o seu trabalho enquanto coordenador da UOSE também tem sido merecedor de rasgados elogios. A coesão da UOSE, conhecida pelos passeios de grupo, é mesmo um exemplo dentro do INESC Porto. Como é que consegue motivar e estimular o espírito de grupo junto de uma equipa que está em constante mutação?

Não tenho nenhum curso de gestão de recursos humanos ou algo de semelhante. Não digo que não seja importante, antes pelo contrário, até porque reconheço que me fez falta. No entanto, parece-me que o essencial é definir para uma equipa objectivos realistas mas mobilizadores, que quando concretizados trazem benefícios individuais e colectivos. Após esta condição inicial, é fundamental acompanhar com muita atenção todas as fases intermédias, elogiando sem poupança tudo o que de bom se faz e, certamente, fazendo os reparos necessários (no recato do gabinete) quando tal se justifica. Depois, é essencial ter sempre presente que todos nós temos momentos bons e outros menos bons. Nestes, se os responsáveis mostrarem disponibilidade para ouvir, manifestarem solidariedade e desinteressadamente procurarem ajudar dentro das suas possibilidades, cria-se no grupo um ambiente de grande confiança que, para além de proporcionar bem estar, tem o condão de polarizar os desempenhos individuais no sentido do objectivo colectivo. Como a renovação da equipa é sempre gradual, esta envolvente é rapidamente absorvida pelos que chegam e o espírito de “interferência construtiva” mantém-se. Na realidade muito disto é simplesmente “bom-senso”.

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5. “High quality research”. É assim que a última avaliação da FCT (com base na qual passámos a ter o estatuto de Laboratório Associado) caracteriza o trabalho desenvolvido pela UOSE, que foi a unidade do INESC Porto a conquistar as classificações mais elevadas. Actualmente, o “campeão das publicações” do INESC Porto (Orlando Frazão) pertence igualmente à UOSE, reforçando a liderança científica da unidade no universo INESC Porto. Quando assumiu a coordenação da UOSE, há 11 anos, era esta a visão que tinha para a unidade?

De facto, poder-se-á afirmar que as coisas não têm corrido mal.  As condições infra-estruturais de partida eram muito boas e o nosso dever seria sempre tentar tirar o máximo partido desta situação e motivar os jovens investigadores, portugueses e estrangeiros, que têm trabalhado no INESC Porto/UOSE ao longo de todos estes anos (e muitos foram) para conseguirem os melhores resultados, frequentemente no contexto de colaborações internacionais que desde sempre se percebeu ser um factor crítico para o sucesso da nossa actividade de I&D. Certamente que o resultado relativo à UOSE decorrente das avaliações é gratificante, fruto do esforço de muita gente, sempre na perspectiva do objectivo colectivo e institucional. No percurso, tivemos o privilégio de poder contar com pessoas de elevado valor, sendo o Orlando Frazão um excelente exemplo disso. Para além da sua enorme valia científica (tem uma excepcional intuição científica), preocupa-se espontaneamente com múltiplos detalhes do dia-a-dia da Unidade procurando o seu melhor funcionamento, o que inclui uma atenção genuína aos elementos da UOSE e à forma de minorar as suas dificuldades. O seu exame de doutoramento está marcado para o dia 4 de Dezembro, uma excelente altura para lhe manifestarmos o nosso apreço por tudo o que tem feito pela Instituição.

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6. O PROTEU, a nível nacional, e o NOSCA, a nível internacional, são dois dos projectos mais emblemáticos da UOSE. Qual foi o papel desempenhado por cada um destes projectos no seu trajecto como Coordenador?

O projecto NOSCA foi o primeiro projecto Europeu em que o INESC Porto participou no contexto dos sensores em fibra óptica, resultado dos esforços do Professor António Pereira Leite. Na altura (1989) estava a iniciar o meu doutoramento e a execução do projecto proporcionou-me a oportunidade de perceber o impacto que esta tecnologia poderia ter, o que constituiu uma motivação extra para os meus estudos. Permitiu-me também uma série de contactos internacionais num domínio estratégico mas muito fechado como é o da aeronáutica, área em que se situava o projecto.
O projecto PROTEU, um consórcio envolvendo o INESC Porto, a Universidade de Aveiro, o ICTE, e a Cabelte, foi uma grande aventura dada a dimensão do que se pretendia (a medição distribuída de grandezas físicas na Ria de Aveiro utilizando a tecnologia dos sensores em fibra óptica e sensorização electromagnética na perspectiva da monitorização ambiental), e os recursos relativamente escassos que foram concedidos pela FCT em face da alteração das condições de apoio ao projecto inicialmente combinadas com entidades locais. Fazendo justiça à sábia afirmação de que “quando se procura, quando uma porta se fecha certamente uma janela se abrirá”, tivemos o privilégio de encontrar pessoas excepcionais que se entusiasmaram com o projecto e nos ajudaram a concretizá-lo. Tendo sido o responsável do projecto, é certo que tive muitos momentos complicados, mas também imensas alegrias. Em resumo, uma “lição de vida”!

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7. Mas antes do prestígio e do reconhecimento, a UOSE teve que passar um cabo das tormentas que ficou conhecido por “buraco da UOSE”. Alguma vez temeu que a continuidade da Unidade estivesse ameaçada?

Permitindo-me um intróito à resposta, gostaria de salientar uma particularidade da actividade em ciência e em tecnologia. É uma actividade com tempos de desenvolvimento longos, em que a formação de quadros exige muito tempo, estando longe de ser garantido que ao fim de um certo período se consiga um determinado objectivo científico/tecnológico. Certamente, o que se pode fazer é estabelecer metodologias e atribuir recursos humanos e materiais que possibilitem atingir massas críticas, procurando minimizar as perturbações ao longo do caminho, outras que não as decorrentes do próprio processo de investigação. É algo do género “regar pacientemente a planta até ela dar fruto” (estando certamente sempre vigilante para se aferir da sua viabilidade). O INESC Porto tem muitos exemplos disso, sendo a única particularidade da UOSE a necessidade de recursos substanciais “para regar a planta” em face das significativas exigências de hardware e correspondentes despesas de manutenção/exploração. Daí os crónicos défices ao longo dos anos (felizmente que não os mais recentes), que a Direcção da Instituição e os responsáveis das outras Unidades tiveram a coragem/visão de suportar. O tempo veio dar-lhes razão. Honra lhes seja feita!
Respondendo directamente à questão, sim sem dúvida. Recordo-me de uma sexta-feira muito pesada, no ano de 1995, onde um conjunto de circunstâncias fazia antever que na segunda-feira seguinte a UOSE entraria num “processo de liquidação” (recordar que na altura não existia INESC Porto como instituição autónoma; o INESC Porto era um pólo do INESC). Aqui um nome deve ser salientado com todas as letras: Pedro Guedes de Oliveira! Não tenho dúvidas que a ele muito se deve existir hoje a Unidade de Optoelectrónica e Sistemas Electrónicos do INESC Porto.

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No ano seguinte dois eventos vieram alterar radicalmente a situação no que respeita à percepção da importância desta componente do INESC Porto. Em Abril, a visita do Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, ao INESC Porto, e em particular às instalações do INESC Porto/UOSE na Rua José Falcão, teve um enorme impacto a vários níveis (incluindo a comunicação social), já que tornou visível uma realidade de elevada “energia potencial”. Essa energia potencial foi de alguma forma quantificada em Outubro desse ano com a visita do primeiro painel internacional de avaliação do INESC Porto, onde no seu relatório escreveu afirmações interessantes tais como “Extremely strong Optolectronics (first class. international grade)”, “Optoelectronics:outstanding group and results”, e outras na mesma linha. 

8. Passando agora para a “pessoa” José Luís Santos. “Amigo”, “Sincero”, “Humano”, ou mesmo “um grande homem” são algumas das expressões com que outros colaboradores do INESC Porto o descrevem. Tem consciência de que é uma das pessoas mais acarinhadas no universo INESC Porto?

O que posso dizer relativamente a isto? Certamente que estas afirmações são provenientes de pessoas generosas para comigo.

9.Em 2010, vai ser General Chair da EWOFS'2010, conferência europeia sobre sensores de fibras ópticas, cuja organização da 4ª edição foi conquistada pelo INESC Porto. É este o seu grande desafio para 2010?

Quando em 2007 a organização da EWOFS’2010 nos foi atribuída, tinha a percepção do grande trabalho que nos esperava, até porque ao longo dos anos tenho estado envolvido em aspectos específicos da organização de eventos desta natureza. Na altura, falando com um ilustre elemento do INESC Porto que alguns anos atrás foi responsável pela organização no Porto de uma grande conferência internacional, entre sugestões e conselhos importantes declarou que este tipo de responsabilidade é algo do género “once in a lifetime!”. O que isto significava é que as exigências associadas são enormes, necessitando de muito trabalho e dedicação de uma vasta equipa. Para o caso da EWOFS’2010, a 11 meses da sua realização posso desde já confirmar a justeza de tal afirmação. No entanto, aquilo que nos motiva vai muito para além do trabalho intenso e das inevitáveis dificuldades do percurso. Pretendemos sim que a EWOFS’2010 seja uma oportunidade que permita um acréscimo de prestígio para o INESC Porto, para a Universidade do Porto, para a nossa Cidade e para o País. Resposta directa à pergunta: é sem dúvida o meu maior desafio para 2010.

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10. Finalizaremos esta entrevista pedindo-lhe que deixe uma mensagem aos colaboradores do INESC Porto, agora que a sua ligação à instituição vai assumir uma nova natureza.

O INESC Porto está ancorado numa ideia que é tão válida agora como o era em 1985, aquando da sua criação: proporcionar uma estrutura organizada e operacional que possibilite, em articulação com as instituições do Ensino Superior e, muito em particular, com a Universidade do Porto, optimizar condições de investigação e desenvolvimento tecnológicos na perspectiva da valorização económica do conhecimento. É uma ideia importante pois permite fomentar actividade de elevado valor acrescentado, indutora de criação de riqueza e de bem-estar social. A sua concretização exige muito a todos os que participam no processo, desde os mais experientes até aos mais novos, estando nos Serviços ou nas Unidades, mas ao mesmo tempo constitui um projecto muito mobilizador, algo que pude constatar ao longo dos 25 anos da Instituição. Considero que as condições internas e externas são hoje mais favoráveis para a concretização desta ideia do que o foram no passado, devendo pois estes tempos serem de esperança e de optimismo. É esta a mensagem que gostava de deixar aqui expressa.

Professor JOSÉ LUÍS SANTOS em três palavras

José Manuel Mendonça (Presidente do INESC Porto)
Qualidade, Tolerância, Preserverança.

Vladimiro Miranda (Director do INESC Porto)
Humano, Sério, Veludo.

Paulo Marques (Coordenador UOSE)
Prós: Sincero e Amigo | Contras: É portista!

Ireneu Dias (Coordenador adjunto UOSE)
Determinação, Lealdade, Amizade.

Filipe Magalhães (Investigador UOSE)
"Um grande homem".

Diana Viegas (Investigadora UOSE)
Generoso, Alegre, Competente.

Javier Cruz (Investigador UOSE)
Justo, Humano, Sincero.