O elo mais fraco
A fiabilidade, como engenharia da medida da capacidade de um sistema para cumprir a função para que foi projetado, teve um primeiro impulso concetual na Alemanha nazi. Como outras disciplinas (veja-se a investigação operacional), esta ciência nasceu sob a pressão da necessidade bélica.
O conceito alemão era simples: uma cadeia rompe pelo elo mais fraco. Por isso, a investigação militar, focando-se em armamento, procurava identificar o componente mais suscetível de falhar, para o reforçar.
Hoje sabemos que a fiabilidade envolve análises muito mais complexas, modelos probabilísticos e de simulação avançados. O INESC TEC tem uma especialização forte neste tipo de abordagens e colaboração internacional reputada.
Mas a análise alemã tem os seus méritos, pela simplicidade. É uma espécie de análise de risco.
Ora este modelo cai como luva na apreciação do mercado da atividade tecnológica em Portugal. Esta exige uma complexa convergência de: iniciativas empresariais; investigação; mercados; dinheiro; mão de obra.
A capacidade nacional em investigação e transferência de tecnologia é um dos fatores que alavanca também uma forte atração internacional para investimentos tecnológicos em Portugal. O mercado não se limite ao interior das fronteiras, virou internacional. O investimento existe e o sistema científico nacional tem acesso a fontes diversificadas de financiamento. A mão de obra... bom, a mão de obra será, neste momento, o elo mais fraco.
Não pela falta de qualidade – mas pela simples escassez do número, face ao potencial de atividade proporcionado pelos restantes fatores.
O problema é já crítico, e pode ser a causa de rotura, inviabilização de projetos e colapso, gerando uma contramaré recessiva, após uma fase em que as empresas procurarão capturar os recursos umas das outras – destapando a manta os pés quando tentar cobrir a cabeça.
A necessidade de programas de incentivo e apoio à imigração de pessoas com competência ou apetência tecnológica torna-se evidente, quando se constata que nem há tempo de o sistema educativo e científico formar as pessoas necessárias, nem há sequer o recurso humano na nossa população que alimente a máquina formativa na medida da necessidade reconhecida.