Asneira Livre
Do Brasil para Portugal
Mauro Sérgio Pinto*
Saudações, chamo-me Mauro Sérgio sou brasileiro, engenheiro eletricista de formação, ou eletrotécnico, como se diz por aqui. Tenho 36 anos e trabalho na área de engenharia há dez anos, metade dos quais foram dedicados ao mercado corporativo de engenharia. Hoje, sou professor universitário e estou a terminar o meu doutoramento na modalidade sanduíche. Escolhi a Universidade do Porto por já conhecer os trabalhos de grandes colaboradores.
Nunca tinha estado na Europa e, ao chegar a Portugal, fui diretamente para a cidade do Porto. Fiquei deslumbrado com a beleza original desta cidade formada por pontes e paisagens belíssimas, em que o antigo e moderno se encontram em perfeita harmonia. A sua rica cultura e a sua história encantadora chamaram-me à atenção e logo entendi o porquê do orgulho que o portuense tem na sua cidade.
A Universidade do Porto é encantadora! Não apenas pela sua expressividade na formação de pessoas e na investigação científica, mas principalmente pela satisfação que vi nos seus alunos quando desfilam com os trajes ou quando escoltam simplesmente os “caloiros” nas tradicionais “praxes”, que variam de cânticos ensaiados, e muitas vezes engraçados, a cerimónias extremamente elaboradas.
É claro que a minha chegada aqui me rendeu boas rizadas, principalmente na adaptação à forma de falar português que utiliza certas palavras que no Brasil, às vezes, têm um sentido, no mínimo, engraçado, como “camisola”, “deitar fora”, “descapotável”, “durex”, “frescura”, entre outras. Para se ter uma ideia, durex na minha cidade significa fita adesiva transparente autocolante. Imaginem pedir isso em uma papelaria! Ou, no Brasil, ir ter com os amigos e dizer que hoje foi um dia em que suei a camisola!!! Seria trágico!! Mais ainda, ler em um supermercado que “...se preza pela qualidade e frescura...”, seria extremamente engraçado, porque no Brasil, a palavra frescura tem também um sentido pejorativo.
No INESC TEC, tive a oportunidade de encontrar e conhecer pessoas de diversas nacionalidades, além de me sentir acolhido de todas as vezes que precisei de ajuda em diversas áreas do conhecimento. Gostaria aqui de destacar, obviamente, o meu orientador professor Vladimiro Miranda, os investigadores Jean Sumaili e Leonel Carvalho, que me têm ajudado no desenvolvimento do meu trabalho e os meus amigos Marco A. Saran e Lucas Rebouças. Chamou-me a atenção a forma pela qual o conhecimento é compartilhado por aqui e facilmente alcançado por todos aqueles que precisam dele.
Certamente que levarei na minha bagagem não somente o conhecimento e experiência que tenho adquirido nestes meses que têm sido intensos pra mim e que, com certeza, tentarei compartilhar com os meus em minha cidade, mas também a saudade que me fará regressar cá de tempos a tempos para aliviar as saudades que sentirei daqui.
*Colaborador no Centro de Sistemas de Energia (CPES)