Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 800 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determina uma mudança de política editorial: desde dezembro de 2013, o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!).
Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, é desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM... Sérgio Tafula
1. Um dos fatores que motivou a nomeação do Sérgio foi o facto de estar ligado a alguns projetos de grande impacto no C-BER. Pode-nos dizer quais são esses projetos e qual o seu papel neles?
Os elementos dos grupos de investigação em engenharia biomédica têm normalmente a oportunidade de trabalhar simultaneamente em vários e variados projetos. A diversidade e a transdisciplinaridade dos projetos do C-BER, assim como a minha função de fornecedor de computação científica, destinaram-me um pequeno papel na maioria dos projetos. Todavia, por causa da escala dos projetos e da relevância do meu contributo, eu gostaria de sublinhar o projeto FP7 Future Cities Porto e o projeto ABrIL - Advanced Brain Image Lab. Em ambos eu contribuí como arquiteto e administrador de sistemas computacionais.
O projeto Future Cities investiga e desenvolve tecnologias urbanas para cidades inteligentes. O projeto criou um “laboratório vivo” na cidade do Porto onde investigadores e organizações desenvolvem ideias, tecnologias, produtos e serviços. Neste projeto, isto é feito com recurso a avançados sistemas de informação e de redes. Integrado numa extraordinária equipa, eu participo no desenho, instalação e manutenção de uma infraestrutura que tem hoje cerca de 50 CPU, 50 GB de RAM e de 50TB de storage alocados ao processamento e armazenamento dos dados do projeto.
O ABrIL é um ambiente remoto de análise e processamento de dados imagiológicos. Hoje, a engenharia biomédica no geral, e engenharia neuro imagiológica em particular, têm uma crescente complexidade e necessidade de recursos computacionais. Frequentemente, antes de obter qualquer resultado, cada investigador tem de instalar aplicações complexas e tem de encontrar dados e métodos padrão. O ABrIL é a nossa solução para esse problema. Eu participo no desenho, instalação e manutenção deste sistema na nuvem. Em colaboração com os demais elementos (e parceiros) do grupo estamos a criar uma ferramenta colaborativa que, um dia, poderá ser acessível por toda a comunidade científica e clínica.
2. O C-BER existe formalmente há cerca de um ano. Que novas competências trouxe ao INESC TEC?
Estou convicto que o meu perfil híbrido (predominantemente técnico, mas também científico), assim como a minha experiência na Rede Nacional de Imagiologia Funcional Cerebral (RNIFC), trouxe para o INESC TEC métodos inovadores de fornecimento de computação científica, sobretudo para o grupo de investigação em engenharia biomédica. Na investigação em neuro imagiologia, eletrofisiologia e sensorização humana é crítico aceder de forma eficiente e rápida a novos dados e aplicações.
A missão genérica, os longos ciclos de suporte e os níveis de segurança dos serviços informáticos das Universidades e Institutos, por regra, não são compatíveis com a especificidade, dinâmica e ubiquidade das nossas aplicações experimentais. Dado isto, a criação de sistemas e suporte específico para esta população traz uma vantagem competitiva a estes investigadores em particular, e ao INESC TEC no geral. A integração de elementos de ligação, e o consequente encaminhamento ordenado de necessidades, requisitos e problemas tende também a otimizar e flexibilizar os serviços centrais do instituto, neste caso o serviço informático.
No grupo C-BER, e no laboratório BRAIN, nós gostamos de secretárias com “duas cadeiras”. Eu acrescento uma dessas “cadeiras” virtuais. Este apoio é pessoal, mas está sobretudo no email, no chat e no acesso remoto. Quando este tipo de suporte funciona, o investigador não está desamparado quando bloqueia num problema computacional fora do seu perímetro de competências. Isto, por um lado, traduz-se num acréscimo de produtividade do investigador e, por outro, na criação de melhores ferramentas.
3. Como é que tem corrido a integração do Centro no seio do INESC TEC e na restante comunidade Inesquiana?
Antes de mais eu gostaria de dizer que estou convicto que profissionalmente nós somos a fusão do nosso trabalho, das oportunidades que escolhemos e do conhecimento que conseguimos absorver das pessoas com quem “nos cruzamos”. Ter a oportunidade de trabalhar todos os dias com pessoas (mais ou menos experientes) que têm a capacidade constante de me surpreender com uma ideia, solução ou perspetiva nova é das coisas que mais valorizo no INESC TEC. Aproveito esta oportunidade para agradecer a todas as pessoas que “se cruzaram” comigo no INESC TEC e na FEUP, porque é também a elas que eu devo tudo o que aprendi nos últimos anos.
Participar na criação de um grupo desde a raiz, de interagir sobretudo com pessoas inteligentes e competentes, assim como a oportunidade de participar em vários projetos pioneiros que valorizam e necessitam de competências como as minhas, tem sido a garantia de uma integração plena e de uma experiência fantástica.
4. O Sérgio é um dos elementos que acompanha o C-BER quase desde a sua formação. Como se vê, no plano profissional, daqui a cinco anos?
Ter presente quem sou, de onde vim e para onde vou é um esforço pessoal contínuo. Desde 2009 desenho, instalo e administro sistemas computacionais; desde a sala de servidores, passando pela workstation e pelo portátil até à aplicação informática e ao utilizador. Sou um apaixonado pelo imenso potencial, e pelas infindáveis configurações, que uma rede, sistema operativo, volume de dados ou serviço pode ter. Motiva-me a crescente necessidade de computação que vejo á minha volta. Noto que os défices de acesso à computação são hoje um claro elemento limitador para qualquer cientista. Dado isto, quero aprofundar os meus conhecimentos em informática do ponto de vista do administrador. Gostaria que o tecido científico e/ou a indústria do meu país continuasse a gerar a necessidade de técnicos especializados em computação científica ou altamente personalizada. Nos próximos anos da minha carreira gostaria de continuar a trabalhar no suporte a projetos de investigação e desenvolvimento porque acho que é aí que estão os desafios mais aliciantes, o melhor retorno para mim e até para a sociedade.
5. Terminaremos este breve questionário pedindo que comente a sua nomeação, feita João Paulo Cunha, coordenador do C-BER.
Creio que tive a oportunidade de diluir os meus comentários a esta nomeação nas anteriores respostas. Só gostaria de acrescentar que no modelo que aqui descrevo as publicações vão aparecendo naturalmente. Sempre que o meu trabalho é incorporado nas linhas dos investigadores e parceiros do grupo, é normalmente possível criar publicações transdisciplinares muito interessantes.
Fora de Série - Dezembro
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Rui Campos e Eduardo Marques (CTM)
"A coordenação do CTM propõe para "Fora de Série" a equipa constituída pelo Eduardo Marques, Rui Campos e Artur Pimenta Alves*. Esta equipa preparou e conduziu com sucesso a 1ª Edição do Concurso Investigador-Empreendedor do CTM que tem já como resultados três projetos em curso com elevado potencial de inovação, propostos por colaboradores do CTM e envolvendo estudantes de Licenciatura. O regulamento e processo de seleção criados por esta equipa estão, do nosso ponto de vista, muito bem definidos e podem ser usados noutros centros do INESC TEC."
Coordenação CTM
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Sérgio Tafula (C-BER)
"O Sérgio é um dos suportes essenciais do C-BER pois tem na sua alçada todas a gestão dos múltiplos sistemas de informação e de suporte à atividade dos investigadores do centro, para além de ele próprio ser um deles e estar ligado a alguns dos projetos de maior impacto neste nosso ainda jovem centro do INESC TEC, de que é exemplo a co-autoria num recente paper numa revista de alto impacto (ISI IF=6.132)."
Coordenação C-BER
* Nota da Redação: O diretor Artur Pimenta Alves fez parte da equipa que organizou o concurso e o seu nome será incluído na justificação da nomeação, não sendo no entanto considerado "Fora de Série" porque, de acordo com as regras desta rubrica, nenhum diretor ou coordenador pode ser nomeado "Fora de Série".