Offside
30 Anos à Conversa

No ano do trigésimo aniversário do INESC TEC, o BIP foi em busca de histórias da casa, contadas por gente da casa.

Corporate

Um olhar sobre nós na voz dos nossos parceiros - Testemunho da Azevedos Indústria, pela voz de Tiago Resende Gomes.

Fora de Série

"O Diogo, com a sua perseverança e dedicação, foi fundamental para o sucesso do projeto, assim como toda a equipa CAP envolvida, e as fritadeiras que se disponibilizaram a colaborar no processo de recolha de amostras", Carla Carmelo Rosa (CAP)

A Vós a Razão

"Como é o INESC TEC para alguém que vem de fora? Nascido e criado na Venezuela, mas sempre “numa casa portuguesa com certeza” onde não faltava ora o bolo do caco, ora a aletria, Portugal foi a primeira opção quando decidi emigrar." Kelwin Fernandes (CTM)

Asneira Livre

"Quando recebi o convite para assinar a rubrica da “Asneira Livre”, a primeira reação foi: isto vai dar Syriza, como quem diz, vai dar Asneira.", Hugo Choupina (C-BER)

Galeria do Insólito

Segundo apurou o BIP, uma funcionária do INESC TEC foi surpreendida com uma declaração de amor durante o trabalho...

Ecografia

BIP tira Raio X a colaboradores do INESC TEC...

Novos Doutorados

Venha conhecer os novos doutorados do INESC TEC...

Cadê Você?

O INESC TEC lança todos os meses no mercado pessoas altamente qualificadas...

Jobs 4 the Boys & Girls

Referência a anúncios publicados pelo INESC TEC, oferecendo bolsas, contratos de trabalho e outras oportunidades do mesmo género.

Biptoon

Mais cenas de como bamos indo porreiros...

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30 Anos à Conversa


Gabriel David (a seguir designado por Gabriel, conforme enviado pelos próprios): Zé Rui, sendo o INESC originalmente criado por pessoas das “fracas” (telecomunicações, sistemas, processamento de sinal) como é que no Porto aparece um grupo de “fortes”? Foi fácil afirmar-se?

José Rui Ferreira (a seguir designado por Zé Rui, conforme enviado pelos próprios): Essa é fácil! Penso que quem esteve na génese do polo do INESC no Porto foram duas pessoas: o José António Salcedo, da Física da FCUP, e o Borges Gouveia, da Eletrotecnia da FEUP. O Borges Gouveia era de Energia e portanto foi com naturalidade que se criou o grupo de Energia no Porto. Logo no início, foi convidado o Vladimiro para coordenar a área, uma vez que já era doutorado. Eu entrei também nessa altura, em 1985, a desenvolver software para a EDP. No início trabalhava na FEUP e só depois se arranjou um espaço no edifício do INESC da rua de Ceuta.

Zé Rui: Como é que entraste para o INESC?

Gabriel: Não me lembro dos detalhes. Mas foi em 1985, já estava como assistente na FEUP e apareceu uma oportunidade de desenvolver software para as autarquias. Na altura, o panorama de software autárquico era uma desgraça, com muitas aplicações desgarradas e de má qualidade, que não falavam umas com as outras. O INESC resolveu desenvolver uma infraestrutura de informação integrada para os serviços administrativos das câmaras, assente numa base de dados. Em cima disso fizeram-se muitas aplicações, que partilhavam o mesmo modelo de dados. Isto impôs um standard no mercado que fez com que as empresas interessadas no setor elevassem a qualidade das suas ofertas. Lembro-me de ir de avião a Bragança com a Cristina Ribeiro e o Borges Gouveia para uma reunião com as câmaras da região. Com escala em Vila Real! Foi uma época interessante, em que aprendi muito sobre sistemas de informação, sobre o funcionamento das câmaras municipais e sobre gerir projetos de grande dimensão. Em 1987 fui para doutoramento e afastei-me do projeto das Autarquias, que entretanto deu origem a uma spin-off, a Medidata, que ainda hoje é uma referência no setor.

Gabriel: Até que ponto o INESC permitiu fazer coisas que na faculdade seria difícil?

Zé Rui: Na altura, as restrições administrativas da universidade impediam na prática a contratualização de projetos e serviços ao exterior. Não era possível compensar quem trabalhava nesses projetos. As chamadas telefónicas para o exterior tinham que ser pedidas à telefonista… Não havia espaço para constituir equipas de trabalho. No INESC havia todas as facilidades quer para estabelecer contratos quer do ponto de vista de meios: havia salas, computadores e apoio administrativo. Foi assim possível estabelecer parcerias fortes e sustentadas com a EDP e mais tarde com a Efacec. O projeto mais emblemático dessa fase foi o GRADES-EXPLOR para desenho de cartas de redes de energia elétrica de média tensão e respetivos cálculos.

Zé Rui: Como avalias o papel do INESC TEC?

Gabriel: Acho que o INESC TEC tem tido desde o início uma preocupação de manter um equilíbrio entre a universidade e o exterior. Na sua criação, foi pioneiro ao definir o conceito de instituto de interface. Depois, foi sempre inovador no refinamento do modelo de funcionamento, quer na forma como se organiza, tendo um Conselho Geral onde estão presentes os sócios com um peso proporcional ao capital, o que torna o INESC TEC uma propriedade maioritariamente da Universidade do Porto, quer estabelecendo racionais de pagamento de overheads à universidade, quer na forma como compõe o seu financiamento equilibrando a componente de investigação (FCT e União Europeia) com contratos de serviços e de transferência de tecnologia. Assim evitam-se os perigos de ficar uma instituição só de investigação sem ligação às empresas ou só de serviços sem impacto na produção de conhecimento.

Gabriel: Dirias que o INESC TEC mudou a tua vida?

Zé Rui: Completamente! Se não tivesse sido convidado para trabalhar no INESC, teria ido para a Efacec, para a Aparelhagem. Nunca tinha pensado em ficar na faculdade como docente. Mas o facto de gostar do trabalho no INESC TEC motivou-me a estabelecer um vínculo com a FEUP, onde ainda estou atualmente.

 

Zé Rui: Tendo o INESC no Porto sido criado há 30 anos, por pessoas na casa dos trinta anos, como vês o futuro do INESC TEC agora que esta geração está à beira da reforma?

Gabriel: Parece que ainda foi ontem… A renovação da gestão é uma arte. Não posso esquecer o exemplo que o Pedro Guedes de Oliveira deu ao fim de cerca de 20 anos como diretor do INESC: escolheu uma altura em que não havia problemas de maior e promoveu a mudança da gestão, com novas ideias e novo ritmo. Penso que a gestão atual vai encontrar uma solução de transição que renove a equipa e permita responder às exigências que o alargamento do INESC TEC e a nova fase iniciada com a avaliação da FCT 2013 colocam.