Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 800 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determinou uma mudança de política editorial: o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!). Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, é desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM Carla Carmelo Rosa e Diogo Nogueira
1. A vossa nomeação está relacionada com o projeto EYEFRY, que agora terminou. O projeto resultou num demonstrador que permite controlar a qualidade dos óleos de fritura. Considerando a relação de causalidade entre a ingestão destes óleos, a sua degradação e o aparecimento de certas patologias, é mais estimulante participar num projeto deste tipo com impacto na saúde pública? E por outro lado, a responsabilidade é maior?
Carla Carmelo Rosa [CCR]: Há vários desafios e estímulos na abordagem a um projeto de investigação e desenvolvimento. A aplicação - alvo deste projeto é sobretudo vivenciada como agente motivador. Os estímulos advêm das dificuldades encontradas e do vício dos investigadores em querer encontrar soluções simples para problemas aparentemente complicados. Não diria que a responsabilidade é maior. O trabalho de investigação, fundamental ou aplicado, deve sempre reger-se com responsabilidade ética, financeira e profissional.
Diogo Nogueira [DN]: Em primeiro lugar, foi um prazer poder participar no desenvolvimento de um produto que pode vir a transformar-se em algo útil para a sociedade. O facto de ser um projeto com impacto na saúde pública acaba por tornar a participação no mesmo mais estimulante, embora a responsabilidade seja a mesma de sempre, concluir as tarefas a que nos propusemos com o máximo empenho e dedicação.
2. Quais foram os maiores desafios (científicos e práticos) enfrentados durante o projeto?
[CCR]: Para a equipa do CAP/INESC TEC, o maior desafio científico identifica-se na essência do próprio projeto EYEFRY: desenvolver uma técnica ótica tão simples e compacta quanto possível, que tenha um desempenho próximo de um equipamento laboratorial de elevada precisão, para aferir o nível de degradação de um óleo de fritura. Este desafio é transversal na área de sensores biológicos e biossensores, área em que se procuram soluções portáteis para medida de parâmetros biológicos ou bioquímicos específicos, medidos in situ – neste caso, a fritadeira! Este desafio acarreta facetas científicas e práticas e, ainda que o projeto tenha formalmente terminado, continuamos a trabalhar alguns pontos importantes para chegar ao desenho de um protótipo direcionado ao utilizador final.
[DN]: A minha participação neste projeto esteve diretamente ligada à análise de amostras de óleo, e à “construção” do demonstrador que permite controlar a qualidade dos óleos de fritura. Durante estas tarefas, foram surgindo diversos desafios, entre os quais, a constante degradação das amostras de óleo, que tornou a sua análise um pouco complexa, e o facto do sistema de medida construído possuir uma eletrónica de baixa potência, cujos sinais eram facilmente contaminados por ruído, o que tornou o seu funcionamento, uma tarefa árdua.
3. A Carla tem já um longo percurso como professora (tendo inclusivamente sido orientadora de mestrado do Diogo) e investigadora no INESC TEC. Em qual dos dois papéis se sente mais confortável?
[CCR]: 50/50. O ensino universitário e a investigação estão intimamente ligados. As unidades curriculares em que tenho assumido responsabilidades no Departamento de Física e Astronomia da FCUP desdobram-se em áreas próximas da minha linha de investigação. A orientação de projetos de estudantes concretiza essa interligação. No entanto a carreira dos docentes universitários tem outras componentes de gestão académica que tendem a tomar cada vez mais parte considerável do tempo útil, e a reduzir significativamente a disponibilidade e sucesso dessa articulação.
4.O Diogo concluiu o mestrado sobre “Técnicas de espectroscopia VIS/NIR aplicadas à artroscopia e a óleos alimentares” no ano passado. Com este projeto agora também concluído, quais são os próximos desafios a nível profissional?
[DN]: Nos próximos meses vou continuar o meu trabalho enquanto bolseiro de investigação no INESC TEC, continuando o trabalho de desenvolvimento do protótipo de medida da qualidade dos óleos de fritura.
5. Terminaremos este breve questionário pedindo que comente a sua nomeação, feita pela coordenação do CAP.
[CCR]: Palavras para quê... só falta mesmo acrescentar a “últimos minutos e segundos” e nanossegundos! O Diogo, com a sua perseverança e dedicação, foi fundamental para o sucesso do projeto, assim como toda a equipa CAP envolvida, e as fritadeiras que se disponibilizaram a colaborar no processo de recolha de amostras.
[DN]: Primeiro, gostaria de agradecer as palavras da coordenação do CAP, embora não estivesse à espera desta nomeação, é sempre gratificante ver o nosso trabalho reconhecido. Depois, gostaria de agradecer à Professora Carla Rosa (foi minha professora e orientadora durante o meu mestrado, e com a qual trabalhei no projeto EYEFRY), com quem todos os dias aprendo muito, contribuindo de forma muito positiva na minha formação académica e pessoal.
Fora de Série - JUNHO
- Carla Carmelo Rosa e Diogo Nogueira (CAP)
“O ‘efeito demonstração’ e as muitas leis de Murphy conjugou-se no caso do projeto EYEFRY, mas os investigadores agora nomeados estiveram à altura dos desafios e venceram os muitos percalços de última hora (e últimos minutos e segundos...!). A Carla Rosa e o Diogo Nogueira estiveram envolvidos na preparação do demonstrador final do projeto EYEFRY para divulgação na sessão pública de encerramento do projeto.”
Coordenação CAP
- Kelwin Fernandes (CTM)
"A coordenação do CTM propõe para 'Fora de Série' o investigador Kelwin Fernandes pelo seu envolvimento bem-sucedido em diversas atividades de promoção científica e tecnológica: participação no efeito Eureka no âmbito das comemorações dos 30 anos do INESC TEC, coorganização da escola de verão VISUM, copromoção na FEUP de um grupo de interesse em visão computacional, participação excelente numa competição científica em author identification e desenvolvimento do protótipo no âmbito do concurso Investigador-Empreendedor do CTM".
Coordenação do CTM
- Jorge Filipe (CPES)
"Nos meses mais recentes, com especial relevância durante o mês de junho, o Jorge Filipe teve um papel fundamental no projeto QREN PrevSol e no projeto Europeu SuSTAINABLE, onde foi responsável pelo desenvolvimento e demonstração de dois sistemas de previsão da produção solar, desenvolvendo com dedicação uma atividade intensa e exigente. Tem igualmente desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento de novas ferramentas de otimização para grupos hídricos reversíveis de velocidade variável no projeto Europeu HYPERBOLE. Os resultados finais apresentam uma elevada qualidade científica com demonstração em ambiente real."
Coordenação CPES
- João Ferreira e Carlos Duarte Viveiros
"O 'efeito demonstração' e as muitas leis de Murphy conjugou-se no caso do projeto E-COAL mas os investigadores agora nomeados estiveram à altura dos desafios e venceram os muitos percalços de última hora (e últimos minutos e segundos...!).
O João Ferreira e o Carlos Duarte da equipa do E-COAL prepararam e asseguraram a demonstração do sistema instalado em S. Pedro da Cova."
Coordenação CAP