Asneira Livre
O SYRISA
Por Hugo Miguel Choupina*
Quando recebi o convite para assinar a rubrica da “Asneira Livre”, a primeira reação foi: isto vai dar Syriza, como quem diz, vai dar Asneira. Vamos por partes.
Syriza, palavra atual e bastante popular a nível europeu, para não dizer mundial. O partido grego pretendia, no início, passar uma mensagem de mudança, esperança e, no fundo, uma nova forma de olhar para todos os problemas socioeconómicos que a Grécia tem. No limite, uma espécie de revolução, no sentido positivo.
O C-BER e o BRAIN, grupos em que estou inserido desde a sua génese, são uma espécie de Syriza dentro do INESC TEC: aparentemente, toda a gente gosta muito de nós, mas no fundo não nos conhecem nem sabem muito bem o que fazemos.
Os “C-bertácticos”, tal como o Prof. Vladimiro Miranda nos batizou, para além de excelentes praticantes de futebol, são engenheiros, tipicamente com formação avançada em Engenharia Biomédica / Eletrotécnica / Informática, que trabalham em grande parte dos casos em constante interação literalmente com o “outro lado da rua”, com os Hospitais e Unidades de Saúde e Investigação. E esse “outro lado na rua” não se esgota nas unidades de saúde do Porto, estendendo-se a colaborações com centros de muitos outros países.
Integramos equipas multidisciplinares de R&D, procurando fazer a ponte entre diversos atores, desde o médico (cliente) ao doente (consumidor final).
O workflow é relativamente simples: existe um problema (identificado neste caso pelos médicos/cientistas) para o qual nós focamos a nossa atenção e desenhamos uma solução. Essas soluções são desenvolvidas, implementadas e testadas por nós e pelos nossos parceiros do “outro lado da rua”. Cria-se assim um ciclo de desenvolvimento de produto com a atenção focada nas necessidades e problemas identificados pelos consumidores finais.
Nesse sentido, o melhor elogio que pode ser atribuído ao C-BER é, efetivamente, a sua multidisciplinaridade, o requisito fundamental para o sucesso do nosso papel no ciclo referido anteriormente.
No INESC TEC, o C-BER está claramente em expansão: é um centro novo, com estagiários, bolseiros e contratados em número reduzido. Por tudo isso, somos claramente um pequeno Syriza, com liderança bicéfala que, desde a sua criação, tem tido bons resultados a nível científico e tecnológico. É, por isso, uma aposta de claro sucesso para o futuro desta Instituição. Assim como o Syriza, as motivações que nos levam a agir são as certas. Trabalhamos com empenho e dedicação para que as nossas ações e o resultado do nosso trabalho dê mais frutos que os do partido grego, e vá de acordo com aquilo a que nos propomos.
*Colaborador do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER)