A CULTURA DA AVALIAÇÃO
Sabe-se como é difícil o exercício de aestimare ingenium. A avaliação pressupõe um caráter de julgamento, de apreciação subjetiva e não se compadece com meros critérios numéricos ou numerizados.
A atração pela aplicação algorítmica de critérios reduzidos a expressões numéricas advém de duas circunstâncias maiores: uma alegada intenção de blindar a avaliação contra manipulações e favorecimentos e um receio de assumir responsabilidades (não fui eu, foi o algoritmo; não é uma opinião, é uma decorrência inevitável da ordem universal).
Como em engenharia sabemos, as simplificações ajudam a compreender as essências, e os números são a expressão computável da realidade. Por isso, não podemos também refugiarmo-nos na posição dos que acham que “tudo tem a ver com tudo” e que “medir é trair”. Concordamos com a velha máxima: “se não pode medir, não sabe gerir”.
Não discutiremos aqui o processo de avaliação das Unidades de I&D que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) promoveu, as opiniões são legitimamente diversas. O que saudamos é que haja avaliação, que ela possa ser um mecanismo natural e interiorizado do sistema nacional.
No INESC TEC, o processo, independentemente do resultado, teve efeitos muito positivos de spill over. Estando em curso uma reestruturação interna, visando ter respostas ágeis para os desafios do crescimento e dispersão geográfica que a organização enfrenta, a avaliação da FCT contribuiu para uma reflexão mais exigente e profunda, e só por isso já devemos ficar satisfeitos.
Catalisou também um evento de efeitos surpreendentes: a exposição da atividade dos Centros na forma de sessão de 52 posters. Foi algo que parecia um congresso. Mais do que o sucesso de um exercício para a avaliação, o ambiente, o diálogo, a descoberta mútua, o maravilhar perante o amplo panorama da nossa realidade, a perspetiva de dimensão ultrapassando as fronteiras do quotidiano, foram fatores que animaram, excitaram, entusiasmaram quem esteve presente.
Nasceu o Forum do INESC TEC.