INESC Porto LA alarga horizontes
Novo Grupo UGEI traz multidisciplinaridade e um novo olhar para a indústria
O INESC Porto acolheu recentemente mais um grupo no Laboratório Associado, subindo para três o número de grupos que enriquecem as suas competências. Actuando numa fronteira entre a Engenharia, a Gestão e as Ciências Sociais, a Unidade de Gestão e Engenharia Industrial (UGEI) promove um contacto mais próximo com as empresas, seguindo uma estratégia de ‘problem-driven research’. Com uma classificação de “Muito Bom” na última avaliação da FCT e a participação em vários projectos de sucesso, a UGEI promete multidisciplinaridade e uma cultura de cooperação intensa, vendo nas competências e reconhecimento do INESC Porto uma oportunidade para aumentar a sua área de influência e de alavancar novos projectos.
O BIP falou com Bernardo Almada-Lobo, investigador da UGEI e docente na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) para saber um pouco mais sobre este novo grupo que agora se junta ao INESC Porto Laboratório Associado (INESC Porto LA), e perceber quais as expectativas e as mais-valias que o grupo pensa tirar desta ligação a uma instituição de renome como o INESC Porto LA.
O nascimento da Unidade
A UGEI surgiu em 1991 no seio da Secção de Engenharia Industrial e Gestão do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da FEUP, fazendo parte da Unidade todos os docentes desta Secção. Com o intuito de melhorar os resultados da Unidade, aferir os projectos de investigação e identificar áreas com potencial na área de Engenharia Industrial e Gestão, a UGEI foi dividida em dois subgrupos que passaram a focar as áreas de Investigação Operacional e Sistemas de Informação.
Actualmente com nove membros, a Unidade rege-se por critérios quantitativos rigorosos de inclusão/não inclusão de elementos, sendo que todos os colaboradores têm de atingir patamares mínimos, o que permitiu melhorar significativamente os resultados da Unidade nos últimos tempos. Começaram assim a estabelecer-se os alicerces para um crescimento sustentado. A unidade é coordenada por José António Sarsfield Cabral, pró-reitor da U.Porto e docente na FEUP.
Aposta na multidisciplinaridade
Tentando divulgar cada vez mais a sua multi- e interdisciplinaridade e melhorar a sua produção científica, a UGEI avançou para a definição de uma estratégia bipartida que consistiu em seleccionar os membros mais activos do grupo e atribuir-lhes tarefas de investigação mais focalizadas. Motivando os seus colaboradores para o investimento em investigação de qualidade, robustecendo o trabalho conjunto, e promovendo a cooperação e laços com organizações conceituadas – empresas e instituições – nacionais ou internacionais, começou então a traçar-se o caminho para uma apreciação cada vez mais positiva, tendo a Unidade conseguido já dar o salto em 2008 para a classificação de “Muito Bom” na última avaliação da FCT.
Enquanto o grupo de Sistemas de Informação se debruça sobre problemas levantados pelos requisitos do utilizador final de sistemas de informação ou analisa dados para suportar processos de tomada de decisão nas organizações, o grupo de Investigação Operacional ambiciona resolver problemas que tenham um grande impacto nos indicadores-chave de desempenho das empresas/instituições. Questionado sobre como é que os dois grupos, com duas vertentes distintas, conjugam a sua investigação para um fim comum, Bernardo Almada-Lobo revela que se “assumiu a Gestão de Operações como constituindo o ‘background’ comum a todos os seus membros”, enfatizando que "a natureza dos problemas em análise requer uma cooperação intensa entre os grupos de investigação".
Um novo olhar para as empresas - estratégia para a indústria
Actuando numa fronteira entre a Engenharia, a Gestão e as Ciências Sociais, a UGEI tenta perceber os processos, vertentes técnicas e indicadores de eficiência das instituições. Foi este o contexto para a estratégia de ‘problem-driven research’, que implica um contacto próximo com as empresas e instituições. Esta é uma estratégia que levanta uma série de desafios considerando que para cada “caso concreto há a necessidade de avaliar se se está perante uma oportunidade para novos modelos, métodos e aplicações”, adianta o professor.
Este tratamento personalizado motivado por problemas concretos pode ser visto por duas abordagens: ou as empresas entram em contacto com a UGEI no sentido de melhorarem a sua performance, ou a Unidade procura um determinado parceiro industrial com um objectivo duplo de identificar oportunidades de melhoria na empresa através de conhecimento potencialmente interessante em termos científicos, e de extrapolar os resultados positivos (breakthroughs) obtidos anteriormente num sector para outra empresa/sector. Com um enfoque especial na escolha dos projectos, a UGEI ambiciona uma maior disseminação de resultados, tendo já conseguido registar casos de sucesso em diversos sectores. A transferência para as organizações e transformação em conhecimento/produção científico mostra uma dupla dinâmica que explica o sucesso desta Unidade e que a entrada neste Laboratório Associado permitirá aperfeiçoar tendo em consideração as competências comprovadas do INESC Porto na transferência de know-how e o seu importante trabalho junto das empresas.
Um grupo de sucesso
A carteira de projectos da UGEI conta já com alguns exemplos de sucesso, como é o caso do projecto SMSBUS, desenvolvido em colaboração com a STCP, INEGI e OPT, cujo objectivo foi “fornecer um protocolo inteligente e adaptativo para reforçar a experiência de viagem através da utilização de telemóveis para obter informação em tempo real da chegada dos autocarros às paragens”, explica o investigador. Este projecto foi mesmo galardoado com o 1º prémio para ‘Serviços Públicos de Informação’ no IV Fórum de Telecomunicações e com o 1º prémio Deloitte/Diário Económico para ‘Serviços Electrónicos’. Outro exemplo de sucesso é o projecto ServImprov, em parceria com o Banco BPI, onde o objectivo foi desenvolver métodos e técnicas para melhorar os serviços prestados a clientes de operações nos vários canais, em particular na Web, e cujos resultados estão a ser utilizados pelo BPI, pela SONAE Distribuição e por outras empresas, tendo já originado várias teses de doutoramento em curso.
Ao nível da aplicação, destacam-se as análises de eficiência de escolas, qualidade de vida das cidades e empresas de retalho, as análises do planeamento de produção em diversas indústrias (embalagens de vidro, cervejeira, têxtil, entre outras), o desenvolvimento de metodologias de benchmark para a indústria de fundição, entre outros. Todos estes aspectos demonstram uma abrangência que é uma comprovada mais-valia e que trará ao INESC Porto LA um alargamento e melhoria de competências e áreas de influência.
Uma união com futuro
Quando questionado sobre o que significa para a UGEI a entrada no INESC Porto LA, Bernardo Almada-Lobo fala com orgulho, revelando que esta nova ligação “abre perspectivas quanto a novas colaborações”, quer em projectos multidisciplinares nacionais e europeus, quer nas recentes linhas de investigação definidas pelo INESC Porto LA. Esta entrada permitirá “ultrapassar as dificuldades que sentimos actualmente por sermos uma Unidade pequena”, sendo também uma possibilidade de “alavancar o trabalho que tem sido desenvolvido” esclarece. Mais ainda, “a UGEI tem uma área de intervenção com muitas afinidades e complementaridades com outras unidades do INESC Porto LA (como a UESP por exemplo), pelo que poderá dar um contributo importante em algumas áreas em que o mérito dos seus investigadores é reconhecido”, acrescenta, pelo que esta é uma oportunidade para a partilha de experiências e participações proveitosas em projectos conjuntos no futuro.
Para além disso, “a UGEI tem um registo científico interessante, em crescendo, o que poderá estimular outras unidades do INESC Porto LA”, revela. Tendo já participado em alguns projectos com o INESC Porto LA, tais como o recentemente terminado RCM – Rede de Competência em Mobilidade e o TICE.pt, a UGEI vê a ligação a uma instituição de competências vastamente reconhecidas como forma de “aumentar a nossa área de influência, não só na comunidade científica, mas também em empresas, procurando o reconhecimento nacional e internacional”, finaliza o professor.