Fora de Série
RICARDO BESSA
1. Só está connosco há três anos e já é Fora de Série do INESC Porto! Imaginava receber já este reconhecimento?
A frase comum neste tipo de ocasiões é “não estava à espera de receber este reconhecimento”. E, neste caso, tal como nos anteriores, é a verdade. O nosso trabalho é reconhecido no dia-a-dia e este tipo de reconhecimento apenas torna público o bom trabalho que os colaboradores do INESC Porto realizam. Mas relendo a pergunta, fico com o pensamento “só...três anos”. Três anos é muito tempo, parece que foi ontem, o tempo passa depressa.
2. Qual a sua ligação ao INESC Porto e como surgiu a oportunidade de trabalhar cá?
Eu sou bolseiro do projecto Europeu ANEMOS.plus no qual a USE está envolvida. No entanto, no próximo ano lectivo serei aluno de um programa Doutoral, mas continuarei ligado aos diversos projectos em que estou a trabalhar. A oportunidade de trabalhar no INESC Porto surgiu através de um convite do professor Cláudio Monteiro na mesma semana em que terminei a licenciatura. Inicialmente vim para trabalhar no projecto "Plano Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo" (PROR-OVT), mas mais tarde acabei por me envolver em vários projectos sobre previsão de produção eólica.
3. Qual é a sensação de trabalhar na USE? Na sua opinião, a que se deve o sucesso e a fama desta Unidade?
A sensação de trabalhar na USE pode ser descrita pelo slogan criado por Fernando Pessoa “primeiro estranha-se e depois entranha-se”. O sucesso e fama da USE deve-se à união, amizade e diversidade existente entre os vários colaboradores, e também ao elevadíssimo grau de exigência e rigor dos nossos coordenadores.
4. Além de enriquecer o seu CV, que benefícios considera que esta experiência de trabalho no INESC Porto poderá trazer para a sua carreira?
O principal benefício é a oportunidade de trabalhar e desenvolver conhecimento em diversas áreas, sem nunca se tornar repetitivo ou aborrecido. Também permite desenvolver diversas características profissionais que não são de carácter científico. Uma característica social interessante é a oportunidade de conhecer pessoas cujos nomes só conhecia dos livros e artigos.
5. Que factores o motivam a continuar a trabalhar no INESC Porto?
O que mais me motiva para continuar a trabalhar no INESC Porto é a possibilidade de continuar a aprender. No dia em que sentir que já não existe essa possibilidade então será o dia em que irei procurar outra “aventura”.
6. Foi eleito colaborador “Fora de Série” de Maio devido à sua dedicação ao projecto de previsão de potência eólica para Argonne National Laboratory (USA). Qual a importância que este projecto assume para o INESC Porto?
O projecto é de grande importância para todo o INESC Porto. Em primeiro lugar é o reconhecimento do trabalho do INESC Porto na área de previsão eólica. Sendo que esta área era tradicionalmente dominada por empresas e institutos da Alemanha, Dinamarca e Espanha. Tendo o Argonne escolhido o INESC Porto como parceiro deste projecto demonstra o reconhecimento internacional da nossa instituição, mas acrescenta igualmente enormes responsabilidades a quem trabalha no projecto. Em segundo lugar, e como disse uma vez o Hrvoje (nosso colega na USE), a energia eólica nos EUA é uma nova onda e nós estamos a surfar em cima dessa onda. Além dos ganhos financeiros com este projecto, ele permite colocar o INESC Porto numa posição privilegiada junto dos diversos laboratórios americanos e empresas americanas.
7. Qual foi o maior desafio com que se deparou durante o seu percurso profissional?
Ao longo de três anos tive diversos desafios, mas sem dúvida nenhuma que os primeiros dias no INESC Porto foram o meu maior desafio. Não é fácil sair logo da faculdade e entrar numa unidade como a USE. Fazendo uma analogia com o futebol, é como passar dos juniores do FC Porto para a equipa sénior do Real Madrid.
8. O que é que mais o orgulha no seu percurso profissional?
O trabalho pelo qual recebi esta distinção. Além de ter sido muito exigente em termos de trabalho, foi também necessário ultrapassar e lidar com alguns obstáculos inesperados.
9. Quem é/foi a sua referência profissional no INESC Porto?
É óbvio que pessoas como o prof. Manuel Matos e prof. Peças Lopes são referências incontornáveis, mas penso que os bolseiros que encontrei quando cheguei à USE e que ainda cá se encontram a trabalhar são sem dúvida as minhas principais referências, como é o caso de Luís Seca, Carlos Moreira, André Madureira, Ricardo Ferreira, Mauro Rosa e João Sousa.
10. Terminaremos este breve questionário, pedindo que comente a seguinte citação de Manuel Matos, coordenador da sua Unidade, e que o nomeou para esta distinção.
“Para além de trabalhos e responsabilidades em outros projectos, o Ricardo Bessa demonstrou uma dedicação extrema ao projecto de previsão de potência eólica para Argonne National Laboratory (USA), que permitiu à equipa do INESC Porto apresentar em Maio um trabalho de alta qualidade que recebeu aceitação muito positiva de um cliente exigente, com um potencial de impacto internacional muito forte”.
Olho para citação, vejo as letras USA e penso: era um trabalho para os Estados Unidos da América!!... aquele que apareceu numa publicação portuguesa com o título “Obama contrata INESC Porto”. Não deixa de ser engraçado pensar que se fez um trabalho para um laboratório com a dimensão do Argonne. Em relação ao elogio, a qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelos colaboradores da USE é também consequência e deve ser partilhado com a capacidade de coordenação do prof. Manuel Matos.