INESC TEC com competências diferenciadoras no setor dos transportes e mobilidade
TEC4MOBILITY conduz à articulação de centros do INESC TEC
Os transportes é uma área tradicionalmente associada à Engenharia Civil (sobretudo ao nível do planeamento e das infraestruturas), mas onde o INESC TEC tem já uma presença diferenciadora, devido à natureza multidisciplinar da investigação desenvolvida no Laboratório Associado. Os transportes, a mobilidade e a logística são o eixo do TEC4MOBILITY, iniciativa que está a ganhar forma para articular e potenciar as competências do INESC TEC neste domínio e para servir de interface com as empresas. Esta área temática, que está ainda a ser conceptualizada, procurará alinhar as atividades do INESC TEC neste setor, criando as condições adequadas ao desenvolvimento de investigação de excelência, e promovendo soluções avançadas para a mobilidade e a logística, com impacto real na comunidade e nas empresas.
Setor dos transportes representa 5 por cento do PIB europeu
Num mundo cada vez mais global, o setor dos transportes é um componente importante na sociedade atual e representa uma parte bastante significativa da economia. Na União Europeia este setor emprega diretamente cerca de 10 milhões de pessoas e é responsável por cerca de 5 por cento do PIB europeu[1], envolvendo milhares de empresas e sendo vital para a qualidade de vida dos cidadãos.
Ao nível científico e tecnológico, um dos maiores desafios que este setor coloca para os próximos anos passa por conciliar “necessidades de mobilidade das pessoas e de transporte de mercadorias, com os fortíssimos condicionalismos ambientais (relacionados com as emissões de gases com efeito de estufa), num contexto de menores recursos financeiros dos Estados membros”, explica José Correia, investigador do Centro de Sistemas de Informação e Computação Gráfica (CSIG), que tem participado e dinamizado diversas redes e projetos nesta área, e que é ao mesmo tempo o representante do INESC TEC na Direção da Associação ITS Portugal.
Há assim oportunidades claras para o desenvolvimento de projetos de I&D que, por exemplo, procurem uma combinação de modos de transporte mais eficiente; uma utilização mais eficiente das infraestruturas de transportes existentes, recorrendo a sistemas de transportes inteligentes e de gestão do tráfego; ou a otimização do funcionamento das cadeias logísticas multimodais.
Centros do INESC TEC complementam-se em projetos na área
Tendo como pano de fundo este cenário, o INESC TEC participa há largos anos em iniciativas no setor dos transportes e mobilidade. Tem, de facto, havido vários projetos nestas áreas no Centro de Engenharia e Sistemas Empresariais (CESE) e em particular envolvendo o seu coordenador, Jorge Pinho de Sousa que é, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), diretor do Programa Doutoral em Sistemas de Transportes (PDST). Este doutoramento (no âmbito do Programa MIT Portugal) tem enquadrado múltiplos projetos de investigação, com grande relevância em termos de investigação e impacto prático.
Mas, com a integração do Centro de Engenharia e Gestão Industrial (CEGI), em 2009, onde vários investigadores desde há muito que trabalham na área dos transportes, as competências neste domínio expandiram-se significativamente, sobretudo ao nível da mobilidade de passageiros e da otimização de sistemas logísticos.
Na “equação do sucesso” do TEC4MOBILITY entram também o Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão (LIAAD) e Centro de Sistemas de Informação e Computação Gráfica (CSIG), este último que veio juntar o know-how em sistemas de informação às competências em sistemas de planeamento e gestão. O Centro de Telecomunicações e Multimédia (CTM), o Centro de Fotónica Aplicada (CAP), o Centro de Sistemas de Energia (CPES), o Centro de Investigação em Engenharia Biomédica (C-BER) ou o Centro de Robótica e Sistemas Inteligentes (CROB) têm ainda contribuições neste domínio em áreas como a comunicação nos transportes, a mobilidade elétrica ou a sensorização de infraestruturas rodoviárias e ferroviárias.
Esta convergência e complementaridade de competências e interesses tem também levado à exploração de abordagens e técnicas mais avançadas em áreas como a otimização, a simulação, os sistemas de apoio à decisão, incerteza e risco, logística e gestão de operações, planeamento operacional de transportes, sistemas de informação ao público, ou definição de rotas para distribuição e recolha de produtos.
TEC4MOBILITY: articular competências para chegar às empresas
O TEC4MOBILITY nasce de uma primeira tentativa de estruturar e desenvolver atividades de forma coerente em iniciativas significativas de longo termo. “A estratégia que estamos a implementar passa por desenhar e lançar projetos de investigação aplicada, multidisciplinares e integradores, que resultem em serviços e produtos facilmente transferíveis para a comunidade e as empresas”, explica o coordenador do CESE e um dos investigadores que está a dinamizar esta área temática.
Estes projetos seguirão uma linha multidisciplinar e diferenciadora que agregue as competências específicas sistemas de informação, à gestão de operações e logísticas, às ferramentas de otimização e apoio à decisão. “A complementaridade dos diversos centros será explorada em projetos multidisciplinares e integradores”, acrescenta. Procurar-se-á ainda manter contacto com grupos europeus para conhecer as linhas estratégicas da UE nos setores dos transportes, mobilidade e logística.
“Os sistemas de transportes são, de facto, complexos ‘sistemas de engenharia’ na designação tornada popular pelo MIT. As tecnologias e os sistemas de informação, a gestão de operações e a logística, as ferramentas de planeamento e apoio à decisão, aliados a competências específicas na área dos transportes constituirão a base para o sucesso desta iniciativa”, conclui Jorge Pinho de Sousa.
Competências técnicas, económicas e de gestão, sociais e ambientais
O projeto europeu FOCUS, que junta CESE e CROB, é um dos exemplos bem-sucedidos de projetos em curso no setor dos transportes. Na área da exploração florestal, o FOCUS pretende efetuar o planeamento e controlo integrado das operações da floresta-à-fábrica, de forma a aumentar a produtividade, reduzir os custos operacionais e melhorar a sustentabilidade das cadeias de abastecimento de base florestal na Europa.
Este é também um dos projetos que ilustra bem os maiores desafios que enfrentam os trabalhos desenvolvidos nesta área, já que às competências técnicas exigidas, este tipo de projetos aliam também a necessidade de know-how económico, de gestão, de modelos de negócio, mas também as condicionantes resultantes de problemas sociais ou até ambientais (tais como a mobilidade de pessoas ou emissões de gases com efeito de estufa).
Outra dificuldade de desenvolver projetos nesta área prende-se com o facto de neles estarem frequentemente envolvidos múltiplos atores e stackeholders (veja-se por exemplo o caso da mobilidade de pessoas em áreas urbanas) que é necessário ter em conta e envolver em projetos ambiciosos e integradores. “Não se trata apenas de resolver problemas estritamente tecnológicos mas de ver os sistemas a projetar ou gerir como verdadeiros ‘sistemas de engenharia’, nas suas vertentes técnica, económica e social”, afirma Jorge Pinho de Sousa.
“Mas, num certo sentido, é precisamente esta natureza que torna os desafios interessantes, em particular pelos impactos “visíveis” na mobilidade das pessoas, no ambiente, ou na qualidade de vida das cidades”, conclui o coordenador do CESE.
Os investigadores com ligação ao INESC TEC referidos nesta notícia têm vínculo às seguintes entidades parceiras: INESC Porto e FEUP.