Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 1000 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determinou uma mudança de política editorial: o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!). Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, é desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM Leonel Carvalho (CPES)
1. A sua dedicação ao projeto eeseiM é um dos motivos para esta nomeação. Que impacto é que este projeto pode ter na ilha da Madeira?
O projeto eeseiM teve como objetivo a identificação de planos de expansão para o sistema eletroprodutor da ilha da Madeira no horizonte 2017-2030. A grande ambição deste trabalho centrou-se sobretudo no estudo da viabilidade técnica e económica em se usar fontes de energia renovável em detrimento de centrais térmicas acionadas por combustíveis fósseis sem se comprometer os níveis atuais de fiabilidade, qualidade de serviço e segurança de abastecimento. Para esse efeito, foram considerados diferentes recursos renováveis, nomeadamente energia eólica, solar, hídrica, geotérmica, e analisados cenários extremos de operação, tanto em regime permanente como em regime dinâmico, em que o consumo é integralmente abastecido com energia renovável. Foi um projeto bastante complexo e abrangente que mobilizou várias pessoas e competências no CPES e que me trouxe muita satisfação uma vez que se demonstrou que não só é tecnicamente possível, mas também economicamente viável, suprir mais de 80% do consumo anual da ilha da Madeira em 2030 com energias renováveis, o que fará desta ilha um exemplo de utilização de recursos endógenos para o desenvolvimento sustentável de sistemas eletroprodutores isolados.
2. Em simultâneo esteve responsável por outro projeto, o MORA. Pode-nos dizer em que é que consiste?
O projeto MORA nasceu de uma colaboração de longa data entre o CPES e o operador nacional da rede de transporte - REN. Este projeto, que entrou recentemente no segundo ano, consiste no desenvolvimento de um software baseado em Simulação Sequencial de Monte Carlo para a avaliação da adequação a longo-prazo de sistemas eletroprodutores interligados em ambiente de mercado. O software, batizado de modelo MORA, é sobretudo uma ferramenta que permitirá avaliar os ganhos em termos de fiabilidade, tanto do ponto de vista da capacidade de produção, como do pronto de vista da reserva operacional, decorrentes de trocas de energia elétrica e de reserva entre vários países. É, portanto, uma ferramenta extremamente útil para quantificação do valor que as interligações elétricas podem trazer aos consumidores. Como referi anteriormente, este projeto surge de uma estreita colaboração com a REN, da qual já se produziu uma ferramenta bastante utilizada no dimensionamento de sistemas eletroprodutores: o modelo RESERVAS. Apesar de atualmente ser o elemento da equipa responsável pelo projeto, saliento que esta colaboração tem sido assegurada por pessoas que trabalham no INESC TEC há bastante tempo, nomeadamente o Professor Manuel Matos e o Ricardo Ferreira, e por outras que, apesar de se encontrarem fisicamente distantes, continuam a contribuir ativa e decisivamente para o sucesso desta colaboração, nomeadamente o Professor Mauro Rosa (INESC P&D Brasil) e o Professor Armando Leite da Silva (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio).
3. Após 9 anos de investigação o que é que ainda o motiva a trabalhar no INESC TEC, e mais concretamente no Centro de Sistemas de Energia (CPES)?
Acima de tudo, a maior motivação que tenho para trabalhar no INESC TEC é a possibilidade de fazer ciência ao mais alto nível. Desde novo que sinto um especial prazer em resolver problemas complexos e em aprender conceitos novos. Todos sabemos que o INESC TEC tem como pilares o desenvolvimento de ciência básica e a transferência de tecnologia, sendo uma das melhores instituições nacionais nesses desígnios. Portanto, é com toda a naturalidade que continuo no CPES após estes anos todos.
4. Se um dia um projeto de investigação seu fosse capa de jornal, qual gostaria que fosse o título? E porquê?
Confesso que esta questão me apanhou um pouco de surpresa dado que nunca tinha pensado neste assunto. Para ser capa de jornal, o projeto teria de ser de interesse geral e possuir impacto social alargado. Normalmente, a área de sistemas elétricos de energia só apresenta tal mediatismo quando algo corre muito mal (p. ex. cortes no abastecimento) ou quando se discute a fatura de eletricidade. Sendo assim, o título seria: “Projeto de investigação encontra solução para garantir o abastecimento de eletricidade a preços extraordinariamente reduzidos utilizando exclusivamente recursos renováveis”.
5. Terminaremos este questionário, pedindo que comente a sua nomeação, feita pela coordenação do CPES.
É com grande satisfação e orgulho que leio as palavras da coordenação do CPES. Como referi, o projeto eeseiM foi bastante ambicioso a todos os níveis e de grande responsabilidade, pelo que me empenhei desde o seu começo em utilizar as metodologias mais avançadas para satisfazer os requisitos do projeto. Saliento também a ajuda imprescindível dos outros participantes, nomeadamente o Pedro Barbeiro, que fez o trabalho de recolha, tratamento e validação dos dados e realizou os estudos em regime permanente, o Bernardo Silva, o Luís Seca, o Professor Carlos Moreira, e a Professora Helena Vasconcelos, que participaram na condução dos estudos dinâmicos e, finalmente, o Professor Manuel Matos que foi o responsável pela liderança e coordenação científica do projeto.
Foras de Série - mês de Maio
- Leonel Carvalho (CPES)
“O Leonel tem participado em diversos projetos, com grande dedicação e qualidade dos resultados. No mês de maio, culminou a sua participação no projeto eeseiM (estudos de expansão do sistema eletroprodutor da ilha da Madeira) com o desenvolvimento de um modelo de otimização multicritério para geração de soluções de investimento em nova produção de eletricidade, modelo que implementou e testou, em cooperação com os restantes participantes no projeto. Isto envolveu grande quantidade de trabalho em tempo limitado, com excelentes resultados, ao mesmo tempo que tinha a responsabilidade operacional do projeto MORA (com a REN) e participações menores (mas valiosas) em outros projetos.”
Coordenação CPES
- Paulo Ferreira (SAAF)
"O Paulo é bolseiro de Gestão de Ciência e Tecnologia desde junho de 2016 e muito embora seja ainda um elemento muito junior da equipa, assumiu a articulação com os investigadores do processo de submissão de candidaturas demonstrando um notável nível de maturidade, empenho e dedicação. Elaborou e disponibilizou suportes à organização da informação necessária à submissão da candidatura, promoveu sessões de esclarecimento com os investigadores (para além dos habituais - e imensos - esclarecimentos por email e telefone), esclareceu dúvidas junto da FCT e através do Balcão 2020, demonstrando um elevado nível de profissionalismo e dedicação, mais ainda num concurso que implicou novos desafios e dificuldades face aos concursos dos anos anteriores. Por estes factos considero que o seu desempenho merece um especial destaque este mês."
Responsável SAAF
- Filipe Borges Teixeira (CTM)
"A coordenação do CTM propõe para "Fora de Série" o investigador Filipe Borges Teixeira. Esta nomeação é sustentada no trabalho exemplar desenvolvido pelo Filipe na organização da conferência internacional Wireless Days 2017 (WD17) e do Workshop on ns-3 (WNS3), em particular no contexto das atividades de planeamento e organização local. O nível de excelência do trabalho contribuiu para a visibilidade internacional do INESC TEC, o reforço do INESC TEC como parceiro relevante no domínio das redes de comunicações sem fios e o fortalecimento e criação de novas parcerias internacionais que trarão novas oportunidades de colaboração."
Coordenação CTM
