Fora de Série
Pedro carvalho
1. O que significa para si esta distinção como “Fora de Série” do mês de Fevereiro?
Fiquei orgulhoso pela distinção, mas sobretudo pelo reconhecimento que representa. Fiquei igualmente surpreso, pois tento sempre pautar o meu desempenho da mesma forma.
2. Há quanto tempo integra o INESC Porto e qual a sua ligação à instituição?
Entrei para o INESC Porto em Setembro de 2001. Durante este tempo já “percorri” diversos tipos de ligação, estando neste momento como bolseiro de doutoramento FCT.
3. Como surgiu a oportunidade de colaborar com o INESC Porto? Qual era a imagem que tinha do INESC Porto antes de integrar o instituto?
Sabia que o INESC Porto era um local onde poderia aprender bastante e que favorecia o prosseguimento dos estudos. Durante o último ano da licenciatura fui conversando com a professora Teresa Andrade, que descreveu o tipo de trabalho desenvolvido pelo INESC Porto e avançou com a possibilidade de eu integrar a equipa de um dos projectos europeus que estava para arrancar na altura. Como tinha o objectivo de avançar para um mestrado, pareceu-me uma boa oportunidade.
4. Lembra-se do primeiro projecto em que esteve envolvido no INESC Porto? Fale-nos um pouco da sua primeira experiência profissional no INESC Porto.
Na verdade, quando entrei para o INESC Porto vi-me envolvido em dois projectos que se encontravam em diferentes estágios: o Object Re-configurable Broadcast Infrastructure Trial (ORBIT), contrato com a BBC, que já decorria há alguns anos e que estava a entrar na recta final, e o CONTESSA, projecto europeu, que estava a arrancar. Ambos tiveram um impacto muito grande no meu desenvolvimento profissional. O primeiro possuía uma equipa formada por excelentes profissionais e permitiu-me aprender muito, não só em termos técnicos, mas também a nível de métodos de trabalho. O segundo foi o primeiro projecto que acompanhei do principio ao fim e que, pelas pessoas e pelo modo como decorreu, foi sem dúvida marcante. Por motivos diversos, nos últimos seis meses do projecto tive que assumir as despesas de desenvolvimento e integração, com o apoio da professora Teresa Andrade. Tais funções obrigaram-me ter maior capacidade iniciativa, auto-confiança e autonomia.
5. O seu sonho passa por seguir uma carreira académica ou pretende tentar uma experiência profissional na indústria?
Gostaria de seguir uma carreira académica, tentando ter alguma ligação à indústria, preferencialmente através de uma instituição de excelência como é o INESC Porto. No entanto, estou consciente que actualmente nenhum dos percursos é fácil. Se, por um lado, um lugar como docente é difícil de obter, também é verdade que a indústria em Portugal, na sua generalidade, não tem por hábito absorver doutorados. No final, tudo depende das oportunidades e dos momentos em que as mesmas surgem.
6. O Pedro Carvalho foi eleito colaborador “Fora de Série” de Fevereiro no âmbito da sua colaboração nos projectos LUL (“LIVING USABILITY LAB FOR NEXT GENERATION NETWORKS”) e ROBVIGIL (“ROBot VIGILante”)”. Pode dizer-nos qual a importância que este projecto assume no contexto da UTM e do INESC Porto em geral?
Em ambos os casos está patente o conceito de vigilância/monitorização, embora em diferentes vertentes. Este conceito envolve diversas competências, que abrangem, entre outras áreas, processamento de vídeo e imagem, comunicação e segurança de dados, visualização de informação, sistemas de informação, etc. Apesar da área de segurança ser tipicamente associada à vigilância, os princípios e tecnologia não se limitam àquela área, podendo ser aplicadas a muitas outras, tais como o desporto, o marketing, ou a medicina. Desta forma, penso o LUL e o ROBVIGIL representam uma aposta no futuro e poderão dar origem a outros projectos transversais a vários grupos da UTM e do INESC Porto em geral, como é o caso destes dois. Ficou igualmente demonstrado o interesse da indústria e o potencial para o futuro, apesar de haver ainda espaço para muito trabalho de investigação já que muitos dos problemas persistem, em particular no que diz respeito ao seguimento automático de objectos em vídeo.
7. O que é que o orgulha mais acerca nestes projectos?
Estes projectos estão relacionados com duas apostas: uma pessoal, fazer o doutoramento na área de processamento de vídeo, que tem inúmeras diferenças relativamente aos de sistemas multimédia onde tinha trabalhado até então; outra profissional, feita com o professores Corte-Real e Jaime Cardoso, orientador e co-orientador do doutoramento, respectivamente, no que diz respeito ao trabalho em seguimento de objectos em vídeo, já que não havia experiência no grupo nesta área. Assim, fico satisfeito pela importância que este tópico tem adquirido e pelo facto de ter, em tão pouco tempo, contribuído para elaboração destes projectos.
8. Está no INESC Porto há quase 10 anos. Quais a principais mais-valias que trabalhar no INESC Porto trouxe para a sua carreira? O que é que motiva a continuar a trabalhar no INESC Porto?
Já são quase 10 anos??? Penso que as mais-valias são a formação, experiência com diversas tecnologias e a heterogeneidade de trabalho realizado, que inclui tanto a preparação, como a concepção e implementação de projectos.
Depois de tantos anos a trabalhar aqui criam-se relações pessoais e “amor à camisola”. Motiva-me o ajudar o INESC Porto a progredir, auxiliando a minha própria evolução, a possibilidade de realizar trabalhos diferentes e responder a novos desafios. A presença e contacto com profissionais de grande competência é também um factor de motivação e desejo de melhoria constante.
9. Qual o valor acrescentado que o INESC Porto oferece às empresas com as quais trabalha?
Penso que a mais-valia varia de unidade para unidade, em função das características das áreas tecnológicas e da maturidade das empresas que nelas operam. De uma forma geral, os recursos humanos formados no INESC Porto, o know-how e a experiência são de valor reconhecido. Para além disso, o INESC Porto ajuda novas empresas naquele que é um período crítico, a sua formação e arranque.
10. Terminaremos este breve questionário pedindo que comente a seguinte citação da coordenação da sua Unidade, a UTM, que o nomeou para esta distinção.
A coordenação da UTM considera que o Pedro Carvalho se destacou claramente pelos resultados alcançados graças ao seu trabalho e dedicação, sendo por esse motivo de toda a justiça nomeá-lo para " Fora de série" deste mês. O excelente trabalho de "Investigação & Desenvolvimento" que o Pedro Carvalho tem levado a cabo durante a sua tese de doutoramento, aliado ao seu espírito de iniciativa e entusiasmo, permitiram viabilizar dois contratos QREN, cujos programas de trabalho se iniciaram em Fevereiro. Os projectos, LUL (“LIVING USABILITY LAB FOR NEXT GENERATION NETWORKS”) e ROBVIGIL (“ROBot VIGILante”), são de extrema importância para a consolidação da estratégia da Unidade, em particular do grupo de Media Analysis liderado pelo Prof. Luís Corte Real.
O projecto LUL é um projecto que visa desenvolver tecnologia para assistir pessoas com deficiências motoras, enquanto o ROBVIGIL é um projecto aplicado à vigilância de bens e pessoas. Estes contratos vão permitir aumentar os recursos dedicados a esta área de investigação, consolidando o INESC Porto como uma referência científica no domínio do tracking e reconhecimento baseado na análise de vídeo e imagem. Para além disso, o Pedro tem dado, de forma contínua, um contributo valioso em diversos projectos, nomeadamente projectos Europeus, tendo tido um papel decisivo para a conclusão bem sucedida dos mesmos.
Fico feliz pelo reconhecimento e satisfeito pelo facto de a coordenação ter essa opinião sobre o meu trabalho, não apenas no período mais recente e no âmbito dos projectos mencionados, mas por tudo o que tenho vindo a fazer desde que ingressei no INESC Porto. Essas palavras fazem bem ao ego, mas colocam também o desafio de continuar a trabalhar pelo menos ao mesmo nível no futuro.
