Galeria do Insólito
O cão que atropelou o carro
Quando pensamos naquilo que faz uma notícia ser notícia, a primeira expressão que nos vem à cabeça é: “O homem que mordeu o cão”. O insólito, o fora do comum, vende e capta a atenção das pessoas. Dias, meses e até anos depois de essa história ser dada a conhecer vai haver sempre alguém que num convívio entre amigos vai-se levantar e dizer: “É pá, lembras-te daquele homem que mordeu o cão?”.
Não se preocupem. Não andou nenhum inesquiano por aí à solta em busca de um cão para morder, muito pelo contrário, Um cão conhecido da vizinhança jurou vingar-se, no carro de um dos nossos bolseiros, de todos aqueles seus camaradas que encontraram a morte sob tais máquinas, na violência de uma estrada qualquer. E tudo se passou no nosso parque das traseiras.
Parece insólito? Pois é: para isso é que aqui estamos.
Como podem ver pelas imagens, o carro perdeu a batalha, incrédulo pela persistência deste vingador de quatro patas. O Punto pouco pôde fazer para aliviar a raiva do fiel canino que naquele dia foi tudo, menos amigo do homem.
Chegado ao carro, o dono deparou-se com um autêntico terreno de batalha. Os despojos: chapa amassada, arranhões e marcas de patas por todo o lado, o próprio chassis esburacado com tamanha violência que levaria ao desespero o mais habilidoso dos bate-chapas.
Embora a mecânica do carro estivesse em pleno funcionamento, toda a eletrónica tinha ido pelos ares. Eram cabos arrancados, roídos até ao miolo. Sorte do cão, e do carro também, por este não se encontrar ligado na altura. Com perícia à la James Bond, o animal, sem dúvida perito em engenharia eletrotécnica, sorrateiramente conseguiu sabotar o motor à custa de caninos, saindo ileso desta aventura.
Entrou motor adentro, podem crer, presume-se que por baixo: e não fosse a sua atrapalhada entrada, nem o dono teria reparado nos estragos até ser tarde demais. E qual a razão da fúria? Alvitrou-se a hipótese de que a vítima inesquiana andasse a guardar nacos de carne dentro do motor. Quem sabe, talvez tenha levado a expressão “presunto defumado” demasiado a sério: e o cachorro pôs punto final na pretensão, perdoem a piada óbvia à carripana destroçada.
Testemunhas do incidente? Como sempre nunca as há. A dona do cão que ali o foi encontrar declara-o inocente, claro. Lança suspeitas para um presumido gato escondido dentro do motor como o responsável por toda esta algazarra. De rir. E do gato, nem vestígios: ou o cão teve a sua sorte, ou o gato aprendeu a lição e foi miar a vidinha para outras rodagens.
Enquanto a vítima desespera face aos destroços do seu amado carrinho, o criminoso continua sem trela e passeando pelo parque de estacionamento. Cuidado! Há quem diga que o cão é do INEGI: destrói a eletricidade, preserva a mecânica. Pelo sim, pelo não, vamos fazendo amizade com eles e deixando o nosso carro longe...