A BÚSSOLA
O consórcio UNorte.pt está aí: os parceiros, as três Universidades da Região Norte aprovaram-lhe a formação. Como habitantes desse universo, não podemos ser-lhe indiferente.
Não adianta ser velho do Restelo: o mero facto de haver acordo numa constituição de princípio, que não ainda materializado em realidades, é uma pequena revolução. Ou será, se puder explicar que os ganhos superam os receios, e o receio é sempre a perda de identidade ou autonomia. Não menosprezemos o peso das questões emocionais, desatenção iteradamente cometida em momentos em que o voluntarismo, ainda que generoso, assume o comando. Sobretudo, é preciso que as coisas se façam pelos bons motivos.
O ganha-ganha só se obterá se for assumida uma repartição de especializações. É preciso aceitar que cada parte tem que ser promovida para excelência do comum. É imperioso todo o reajuste que capitalize no orgulho no triunfo do parceiro. É preciso que as partes se promovam umas às outras, em vez da tradicional competição de umas contra as outras.
O INESC TEC é, à sua medida, já um percursor desta visão, ao reunir contributos das três universidades: UP, UM e UTAD.
A construção da sinergia não se fará sem enfrentar questões de dúvida e desconfiança, que temos que as haver como naturais, decorrentes de qualquer processo inovador. Urge, pois, acompanhar com boa política uma visão que, necessariamente, tem que ser apoiada por boas práticas de gestão, apregoadas como virtudes anglo-saxónicas mas que estão cristalinamente ao nosso alcance. O agregar de esforços, de indicadores de produção, as sinergias de ação que gerarão economias de orçamento e aumento de receitas, são de análise inevitável. Mas a promoção da adesão emocional tem que ser a prioridade – ou, como muitos outros projetos bem intencionados, estará condenado pela revolta ou rejeição das bases.
E a análise dos resultados e efeitos tem que permanecer lúcida: à moda de Deng Xiaoping, engenheiro como nós, e do seu famoso e pragmático discurso, experimentemos; se for bom, multiplica-se e se for mau, termina-se. Não importa a cor do gato, o que importa é que cace ratos.
Finalmente, o projeto merece ser inclusivo e não fechado em fronteiras arbitrárias: o potencial de sinergias não se extingue na margem do rio Douro. Se assim for, abrangente, de portas abertas, vale a pena sonhar com um ambicioso desígnio: as Universidades Confederadas, talvez sem Norte mas com a perfeita consciência de onde é que está o norte.
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