Comemoração dos 25 anos do INESC no Porto - Especial USIG
O BIP associa-se às comemorações dos 25 Anos do INESC no Porto. Como tal, a rubrica “Especial” vai, ao longo dos próximos meses, visitar cada unidade de I&D e grupo que integra o instituto. Mais do que um “regresso ao passado”, pretende-se dar a conhecer o momento actual do INESC Porto LA no ano em que se comemoram os 25 anos do INESC no Porto, bem como as grandes metas e desafios que se colocam para o próximo quarto de século da instituição.
A nova Unidade de Sistemas de Informação e computação Gráfica (USIG)
A Unidade de Sistemas de Informação e Computação Gráfica (USIG) nasceu a 1 de Janeiro de 2010 no seguimento da avaliação que o Strategic Advisory Board (SAB) fez da Unidade de Sistemas de Informação e Comunicação (USIC) e, de uma forma geral, da área de informática do INESC Porto. Com base nessa avaliação e nas recomendações do SAB nasceu a USIG.
A criação desta nova unidade de I&D tem como grande objectivo agregar competências científicas na área de Informática que antes se encontravam dispersas, com o intuito de criar massa crítica e fortalecer as actividades de investigação. A USIG está estruturada em três grandes áreas: Computação Gráfica, Gestão de Informação e Sistemas de Informação e Engenharia de Software. Além dos colaboradores da extinta USIC, a USIG conta com vários novos elementos, uns oriundos da UTM e outros que são adesões recentes do INESC Porto. A unidade conta agora com 14 investigadores doutorados, para além de vários seniores com vasta experiência de projecto. Conforme salienta António Gaspar, co-coordenador da USIG - uma tarefa que desempenha em conjunto com Fernando Silva - , “o percurso é pequeno, de meses, embora tenha tido gestação no ano passado, altura em que se tentaram identificar as áreas prioritárias de investigação”.
Revisitando o passado: 1991-2009
Fruto do seu histórico, a USIC era uma unidade com características diferentes das restantes. Na sua génese estão a criação, em 1991, do Centro de Comunicações de Alto Débito e do Núcleo do Porto do Centro de Sistemas Computacionais, dois Centros de Transferência de Tecnologia, enquadrados no Programa PEDIP (Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa), que redireccionou o INESC para a economia nacional. Destes dois centros, muito vocacionados para a prestação de serviços, nasceu, em 1996, o Centro de Sistemas de Comunicação e Informação (CSCI). Em 2000, com a entrada de profissionais especializados na área dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG), o CSCI dá origem a uma unidade de I&D, a USIC.
O conceito original da USIC passava por uma dupla missão: prestação de serviços e investigação científica. Se, por um lado, a prestação de serviços se assumiu como uma valência forte da unidade, sustentada por toda a experiência dos grupos que lhe deram origem desde 1991, o mesmo não pode ser dito em relação à valência da investigação científica, que, nas palavras de António Gaspar, “ficou bastante debilitada à nascença, uma vez que o número de investigadores, apenas quatro, era bastante limitado. Obviamente, a produção científica não podia ser equiparada à das restantes unidades de I&D do INESC Porto”. Esta foi uma fraqueza estrutural que se manteve com o passar dos anos, condicionando não só o desempenho científico, mas também sua competitividade. “Sem produção científica era muito difícil ter resultados diferenciadores para aplicar na sociedade, nas empresas e nas instituições”, explica António Gaspar. Foram justamente essas as debilidades identificadas durante a auditoria do SAB, que culminaram na criação da USIG.
Highlights da USIC 2000-2009
Apesar da história breve, em nove anos, a USIC pode orgulhar-se de uma lista vasta de projectos marcantes. O primeiro nome a integrar o “Hall of Fame” das conquistas da unidade é projecto SIMAT (Sistema de Informação Municipal - Aplicações Técnicas em Tecnologia SIG), particularmente pelo posicionamento que o INESC Porto assumiu, articulando empresas e utilizadores finais (autarquias e associações de municípios) com o objectivo de criar um mercado de aplicações informáticas baseadas em Sistemas de Informação Gráfica.
Outro projecto emblemático que António Gaspar faz questão de destacar é o projecto MEDSI, um sistema de Integração de Informação Geográfica capaz de apoiar a tomada de decisões em situações de crise. O carácter emblemático deste projecto europeu justifica-se não só pelo seu interesse específico, mas também por ter criado uma ligação forte com um dos parceiros, a Telefonica I+D, e conduzido a uma série de projectos no segmento e-Health: o CAALYX (Complete Ambient Assisting Living Experiment) e a toda uma linha de outros que se seguiram, como e-CAALYX, ICT4DEPRESSION e o CAALYX MV (Market Validation). Destaca-se, igualmente, no percurso da USIC, o SIVIDA (2006), na área da prestação de serviços, mas que “reflecte as competências em Informática Médica, a relação com a Comissão para o VIH-SIDA e o contributo que procuramos dar para resolver um problema tão importante para a sociedade como é o VIH-SIDA”, explica António Gaspar.
O SCOPe (Sistema da Comunidade Portuária Electrónico), uma parceria com o Porto de Leixões e com toda a sua comunidade portuária, é mais um caso de sucesso, uma vez que esteve na génese de um conjunto de outros projectos a nível nacional, envolvendo o sector portuário. Este projecto “acabou por extravasar o Porto de Leixões e conduziu a alguns projectos nacionais como o projecto PIPe, que envolveu também os portos de Lisboa e Sines”. O projecto SCOPe foi pioneiro na utilização de UML (Unified Modeling Language), pelos utilizadores finais, para a modelização do relacionamento no sector portuário. Actualmente, o UML é utilizado extensivamente a nível nacional no sector portuário.
Voltando à área da Administração Pública, um dos sectores mais fortes da USIC, destacam-se ainda o e-ASLA (e-Administration for Small Local Authorities) e as Plataformas Colaborativas para a Elaboração de PROTs (Planos Regionais de Ordenamento do Território). No caso do primeiro, foram criadas soluções informáticas avançadas baseadas em software livre capazes de reduzir custos na gestão de processos de negócio das autarquias com pequena dimensão. “O e-ASLA exemplifica o papel que a tecnologia pode desempenhar na resolução de um problema social”, função igualmente desempenhada pelo outro projecto. Com a criação de uma plataforma colaborativa para a elaboração e discussão pública dos PROTs, a USIC deu um “contributo muito interessante para o aumento da eficiência do processo de elaboração dos PROTs". Foi um projecto muito bem sucedido e com um impacto social interessante, tendo sido usado no PROT Oeste e Vale do Tejo, PROT Area Metropolitana de Lisboa, PROT Centro e PROT Norte”, explica António Gaspar.
2010: USIG arranca a todo o vapor
A criação da nova unidade não foi uma operação meramente cosmética. À equipa original da USIC juntaram-se novos colaboradores e a coordenação científica de Fernando Silva, visando o fortalecimento da dimensão correspondente à investigação produzida na unidade. “Passámos rapidamente de quatro investigadores doutorados para 14", afirma António Gaspar, que vê este reforço de Recursos Humanos de forma “extremamente positiva”, esperando que estas mudanças se venham repercutir na produção científica, mas também, de uma forma geral, em actividades com maior impacto científico e tecnológico.
Muitas das competências que a nova unidade consolida já existiam no INESC Porto, mas estavam dispersas. Espera-se que a USIG ajude criar uma nova dinâmica científica em áreas que têm forte impacto multidisciplinar e relevância quando combinadas com outras áreas de competência do INESC Porto. Para o co-coordenador da unidade, “o INESC Porto só tem a ganhar com isto. Não nos podemos esquecer que o INESC Porto tem no seu nome ‘Sistemas e Computadores’, ou seja, a informática faz parte do seu ADN. Portanto, acho que o desenvolvimento destas competências só se poderá traduzir numa vantagem competitiva para a instituição. Não só pelas actividades intrínsecas de investigação e aplicação na própria área, mas através da utilização destes resultados nas diversas áreas onde o Instituto desenvolve a sua actividade”.
Por outro lado, a adesão recente ao INESC Porto Laboratório Associado (LA) dos grupos Laboratório de Inteligência Artificial e Apoio à Decisão (LIAAD) e Centro de Investigação em Sistemas Computacionais Avançados (CRACS) veio contribuir para reforçar as competências do INESC Porto na área de Informática e criar novas oportunidades de colaboração, por serem grupos com interesses científicos relativamente próximos. De uma forma simplista pode afirmar-se que a combinação das competências do CRACS, LIAAD e USIG permite conceber soluções que vão desde a computação, passando pelos sistemas, até ao apoio à decisão.
Segundo António Gaspar, esse impacto começa já a sentir-se: “Sentimos que tanto a nossa capacidade de actuação, como a nossa capacidade para elaborar projectos mais complexos aumentaram substancialmente”. E este fortalecimento não se limita a áreas onde este grupo já era forte (como a prestação de serviços), estendendo-se a projectos europeus e projectos nacionais, nomeadamente projectos do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional). “Sentimos que temos muito para dar e conseguimos fazer muito mais com esta equipa bastante mais alargada”, explica António Gaspar, que faz ainda questão de salientar o potencial existente entre a combinação das competências científicas com a experiência na montagem e desenvolvimento de projectos nacionais, europeus e de prestação de serviços.
O Futuro: USIG de olhos postos em novas metas
No futuro antevê-se uma actividade mais equilibrada do que aquela que havia no passado, marcada por uma maior vertente de prestação de serviços e menor componente de investigação. “A USIG manter-se-á muito activa na angariação de projectos, aproveitando as oportunidades de financiamento existentes, dado que estes constituem o suporte financeiro principal. Contudo, procuraremos que a nossa participação tenha cada vez mais uma dimensão de inovação científica e menos uma orientação quase exclusiva de desenvolvimento. Esta estratégia é importante se pretendermos que os projectos constituam um suporte fundamental da produção científica, envolvendo bolseiros de mestrado e doutoramento, e que daí resulte contribuição e inovação que se traduza em publicações científicas de qualidade”, explica Fernando Silva, co-coordenador da nova unidade.
Para ajudar à dinamização científica da unidade, entre outras iniciativas, será implementado um ciclo de seminários, dados por colaboradores ou especialistas convidados, visando, não apenas o conhecimento interno das actividades em curso, mas também a difusão do trabalho da USIG ao nível do INESC Porto LA de modo a potenciar futuras colaborações entre unidades.