Comemoração dos 25 anos do INESC no Porto - Especial UTM
25 Anos de INESC no Porto
No ano em que se comemoram os 25 anos do INESC no Porto, o BIP quer saber que balanço é feito pelos coordenadores das unidades que integram a instituição, neste caso os da UTM, José Ruela e Augustin Olivier. Para José Ruela, “o INESC Porto tem-se mostrado uma instituição viva, capaz de preservar e valorizar os princípios fundadores, e tem demonstrado a capacidade de mudar e de se adaptar de forma a responder aos desafios que lhe são colocados”. A "identidade cultural única”, assente na “diversidade” e “solidariedade institucional”, bem como um modelo claro de organização e de gestão, constituem a sua principal força, defende o coordenador da unidade.
A autonomia do INESC Porto, a partir de 1998, constituiu um avanço importante para a instituição. Preservando os princípios em que foi fundado, e “não se reduzindo a uma mera afirmação de carácter regional, o INESC Porto não deixou de tirar partido das características próprias do ambiente em que se insere”, afirma José Ruela. Por outro lado, o modelo de INESC Porto LA (Laboratório Associado) tem vindo a ser aprofundado e “demonstrou já as suas virtualidades, por constituir um novo factor de atracção para grupos de investigação com os quais é possível estabelecer sinergias interessantes”, acrescenta o também docente universitário.
Projecto SIFO: a rampa de lançamento
A Unidade de Telecomunicações e Multimédia (UTM), formalmente criada em 1996, tem as suas raízes em 1985, com o arranque de um projecto mobilizador, o SIFO (Rede de Sistemas Integrados por Fibra Óptica), em simultâneo com a criação do pólo do INESC no Porto (INESC Norte). A maioria das áreas de trabalho do SIFO deram posteriormente origem a grupos de investigação autónomos, que viriam a integrar a UTM: Redes Integradas de Comunicação, Serviços Avançados em Redes Integradas, Codificação de Áudio e Vídeo, Sistemas de Comunicações, e Microelectrónica. Assim, o SIFO - com uma duração de cerca de três anos - constituiu uma escola para a primeira geração de investigadores do INESC no Porto. Com base nesta experiênicia, foram criadas as condições para iniciar, a partir do final de 1988, a “aventura” dos projectos europeus, que passaram a ser, desde então e até hoje, uma referência importante na actividade da unidade, tendo atingido “o ponto mais alto durante o 6º Programa Quadro da União Europeia”, afirma José Ruela. Augustin Olivier, coordenador da unidade desde 2009, destaca que a capacidade de renovação constante da UTM, revelando-se “surpreendido com a capacidade desta unidade para procurar novas linhas de investigação ou para reactivar facilmente outras linhas adormecidas”.
As competências entretanto criadas e reforçadas na unidade possibilitaram a celebração de contratos de I&D com a NEC Japão, entre 1996 e 1998, e com a BBC R&D, de 1999 a 2002, e o seu desenvolvimento e conclusão com sucesso. A nível nacional a unidade esteve sempre “activa em projectos financiados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e Agência de Inovação (AdI), bem como em múltiplos contratos com a PT Inovação, no contexto de projectos europeus ou integrados nos Planos de Inovação do grupo PT”. Mais recentemente, “a UTM tem tido uma participação significativa em projectos QREN, coincidindo com um ciclo previsivelmente menos favorável em programas europeus”, afirma José Ruela.
Três marcos importantes na história da unidade
Considerando 1985 como o ponto de partida para o que viria a ser a unidade, José Ruela não tem dúvidas em destacar o projecto SIFO e os contratos com a NEC Japão e com a BBC, no âmbito do projecto ORBIT (Object Re-configurable Broadcast using IT), como os três marcos mais importantes na história da UTM. Os três projectos foram importantes não só pelos resultados atingidos, mas também por terem constituído uma referência e o motor para projectos seguintes.
Se, por um lado, o SIFO foi um projecto seminal, os outros devem muito do seu sucesso a projectos que os antecederam. No caso do contrato com a BBC, toda a actividade anteriormente desenvolvida na área da Televisão Digital foi relevante, nomeadamente no âmbito do projecto VIDION (Video Digital Online), com a RTP, e de dois projectos europeus liderados pela própria BBC R&D (COUGAR e ATLANTIC). Segundo José Ruela “estes projectos e o ORBIT impulsionaram toda a actividade subsequente na área dos sistemas multimédia, suportada num número elevado de projectos europeus ao longo de uma década (com saliência para o ENTHRONE e o VISNET)”. Igualmente toda a actividade na área de Redes, iniciada no SIFO e que continuou nos primeiros projectos europeus, ganhou um grande impulso na sequência do contrato com a NEC Japão, salientando-se mais recentemente a participação em Projectos Integrados do 6º Programa Quadro, de grande relevo, como o DAIDALOS e o Ambient Networks.
UTM: uma unidade capaz de se renovar
A UTM é uma unidade em constante renovação. A actual organização em quatro áreas é o resultado de um processo de maturação que teve em conta o agrupamento de competências científicas, a definição das grandes áreas de intervenção e a necessidade de gestão de recursos (associada à execução de projectos). Mantendo o espírito inicial do SIFO, a UTM continua a ser um local de formação para estudantes de mestrado e doutoramento, bem como para jovens investigadores que ali iniciam uma carreira profissional. Nos últimos anos, foram criadas diversas empresas por iniciativa de investigadores que integraram equipas da unidade. Exemplos disso são a MOG Solutions, a NONIUS Software, a Xarevision e a NextToYou.
No último ano, a unidade teve um conjunto de projectos com muito sucesso. Em termos de aplicabilidade no mercado, destacam-se três: o Mobiles (Mobilidade Eléctrica Sustentada), que começou no ano passado, e outros dois que arrancam agora: o Robvigil (Robot Vigilante) e o LUL (Living Usability Lab For Next Generation Networks). O Robvigil direcciona-se à vigilância de bens e de pessoas, enquanto o LUL - da área da saúde - visa desenvolver tecnologias para assistir pessoas com deficiências motoras. Estes contratos permitem aumentar os recursos dedicados a esta área de investigação, consolidando o INESC Porto como uma referência científica no domínio do tracking e do reconhecimento baseado na análise de vídeo e imagem. A importância destes projectos assenta ainda no facto de agregarem competências de outras unidades e contribuírem para a consolidação da estratégia da UTM.
Um futuro optimista
José Ruela vê o futuro da unidade “com optimismo e confiança”. Para o coordenador “a grande força da UTM está, e sempre esteve, nas pessoas, na sua dedicação, sentido de responsabilidade, capacidade de iniciativa e inovação". Só assim foi possível superar dificuldades e responder a inúmeros desafios, de naturezas muito diferente. Por outro lado, “a unidade está a dar provas de grande vitalidade, com o recente lançamento de um grande número de projectos e com o estabelecimento de novas parcerias com empresas nacionais, o que abre novas perspectivas que não tinha sido possível explorar no passado”. A base científica da UTM é sólida, continuando a ser reforçada e actualizada, nomeadamente no âmbito de programas de doutoramento em curso.
Para os próximos anos prevê-se ainda o reforço da capacidade da unidade para actuar no mercado. Segundo Augustin Olivier, existem "grupos de trabalho com projectos interessantes na gaveta, os quais que podem ser rapidamente implementados no mercado com produtos e soluções com uma mais-valia significativa, como é o caso do Robvigil”.
Choradinho da Memória
O SIFO foi uma glória dos anos 80... E quem está a arengar às massas?
Tudo de gravatinha! Como eram bem comportadinhos... Conhecem alguém?
A preto e branco, mas um dos lados bem podia ser a vermelho e branco...
Há bigodes que nunca mudam: referências culturais...