A IDEIA E A REALIDADE EM 35 ANOS
As comemorações dos 35 anos do INESC encerraram com o lançamento público de um livro que é, em simultâneo, um relato histórico e a recolha de depoimentos.
Trata-se de uma peça sólida, montada pelo esforço de muitos e, sem dúvida, pela tenacidade generosa do Pedro Guedes de Oliveira, cujo esforço importa reconhecer, ainda que na sua modéstia ele possa não querer encómios excessivos.
Vale a pena ler – e vale a pena examinar criticamente. Será, talvez, a primeira peça de uma arqueologia que importa ainda fazer – a História do conceito INESC, com suas estórias e circunstâncias e a análise crítica de êxitos e fracassos que levaram a um triunfo do modelo, tão completo que se tornou norma nacional, tão criativo que continua a evoluir robustamente.
Houve (e há) adversários do modelo? Certamente, é legítimo. Porém, a nós que nos reclamamos cientistas, artífices da racionalidade, guardiães do templo do conhecimento, o que se nos exige é um exercício isento, cristalino, de virtudes, defeitos e resultados, sem viés ideológico ou manha calculista.
Num momento histórico em que se constata que o financiamento público do sistema académico é insuficiente (para o que há a fazer e para a máquina que importa ter), que a burocracia académica é paralisante e que a competitividade internacional é por demais exigente, o modelo que o INESC legou a Portugal oferece ainda uma resposta consistente, ágil, adaptativa, eficiente e geradora de qualidade.
Afinal, a vitória das ideias está em passarem para o registo das realidades.
A análise sociológica, empresarial, organizacional, cultural do fenómeno INESC está completamente por fazer. Mas porque não fazê-lo? Porque não extrair ensinamentos, lições, boas práticas, inspiração de um percurso de 35 anos?
Seria novo contributo para Portugal o escalpelizar das razões do seu triunfo.