Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 800 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determinou uma mudança de política editorial: o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!). Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, é desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM... Mário Amorim Lopes
1. O Mário está no INESC TEC desde 2014. Fale-nos um bocadinho do seu percurso cá e da sua perceção da instituição.
Na verdade, a minha primeira passagem pelo INESC TEC — muito fugaz — foi em 2008, aquando da criação da startup, aliás um spin-off do INESC TEC. Ganhamos um concurso do IAPMEI, que nos financiou um plano de negócios elaborado em parceria com o INESC TEC. Sete anos depois volto ao INESC TEC. O retorno coincide com a integração no CEGI e com o início do doutoramento.
Julgo que o INESC TEC tem tido um papel essencial na função de aproximar academia e indústria, que em Portugal ainda estão hermeticamente separadas por desconfiança mútua. E, no entanto, academia e indústria têm muito a aprender uma com a outra — a indústria fornece os problemas e os desafios, a academia as soluções inovadoras.
Mas nem tudo é bom. Acho que a cultura organizacional do INESC TEC não reflete o grau disruptivo e inovador das soluções que apresenta aos seus parceiros. Entrar no edifício do INESC TEC deveria ser uma experiência não muito diferente de entrar numa startup, e ainda não o é.
2. Tem um perfil muito multifacetado. Depois de dois mestrados, um em Engenharia de Software e outro em Economia, concluiu um doutoramento em Economia da Saúde e fundou uma empresa. Além disso, dá aulas e é cronista no Observador. Como é que consegue conciliar tudo? Em que é que todas estas vertentes contribuem para o trabalho que desenvolve no CEGI?
A minha mulher dar-se-ia por satisfeita se essas fossem as únicas coisas em que estou envolvido. Há duas formas de interpretar esta natureza multidisciplinar: ou não acerto uma, aliás o mais provável; ou há aqui um plano premeditado para adquirir um conjunto de competências. É muito possivelmente a primeira, mas gosto de pensar que é a segunda. Até à data tenho sido bastante eficaz a convencer os coordenadores do CEGI de que é a segunda.
3. Ultimamente, o seu trabalho tem estado mais voltado para a área da saúde. Vem-nos à memória a COST-Action “RATIONING – MISSED CARE: An international and multidimensional problem”, noticiado recentemente no BIP, um projeto no qual o Mário está envolvido. Como é que o seu percurso profissional se coaduna com a área da saúde?
A história embelezar-se-ia substancialmente se eu dissesse que desde os três anos e meio sonhava com um dia vir a trabalhar na área da saúde, mas a verdade é que foi circunstancial (e não é que Ortega y Gasset tinha mesmo razão?).
Quando terminei o mestrado em Economia na FEP sabia que queria continuar a estudar economia. Embora tenha um fascínio por economia teórica, em particular por modelos de crescimento económico, sabia que era uma área de aplicabilidade limitada em Portugal — alguns até acabam como ministros, imagine-se! —, pelo que teria de encontrar uma subárea. O doutoramento abria essa oportunidade. O Prof. Bernardo Almada-Lobo, que já conhecia há muitos anos, e que tinha projetos na área da saúde, lançou-me o desafio. Pouco tempo antes havia tido aulas com o Prof. Álvaro Almeida, referência obrigatória na área da economia da saúde em Portugal. As coisas alinharam-se. Curiosamente, a formação em engenharia tem sido muito útil para olhar para o sistema de saúde de uma forma sistémica, para modelar e simular os processos, e entender como os otimizar. Já a economia é fundamental para perceber o quão importante é a alocação eficiente de recursos escassos — no limite estão vidas de pacientes em risco —, e como os agentes tomam decisões.
4. O Mário foi recentemente nomeado “deputado” do Health Parliament Portugal. Como se sentiu ao ser um dos nomeados – de cerca de 500 candidaturas? Que tipo de visibilidade é que acha que isto trará para o INESC TEC?
Pensei «como é que vou explicar mais esta à minha mulher?». Depois fiquei satisfeito, ainda que temeroso — faltava encontrar uma boa desculpa. Existem aqui duas oportunidades interessantes: a primeira é a de conhecer ainda mais gente que trabalha na área da saúde, e construir sinergias. A segunda é a de influenciar as políticas públicas, outra das áreas de investigação que muito aprecio. O processo de decisão política em Portugal é literalmente um jogo de dedo no ar e muito achadismo. É quase um dever da academia garantir que existe mais método, mais evidência empírica, mais rigor na tomada de decisão. Temos instituições com pessoas capazes de alvitrar soluções, basta que lhes concedam espaço — e o INESC TEC pode e deve ser uma delas.
5. Terminaremos este questionário, pedindo que comente a sua nomeação, feita pela coordenação do CEGI: “O Mário Amorim Lopes foi nomeado, em dezembro de 2016, «deputado» do Health Parliament Portugal, uma iniciativa da Universidade Nova, Jansen-Cilag, Expresso e Microsoft. Das quase 500 candidaturas, o Mário foi um dos 60 eleitos, indo agora integrar grupos de trabalho que analisarão políticas públicas na área da saúde, assim como produzirão pareceres e recomendações a serem discutidos com deputados à Assembleia da República. Isto conferirá visibilidade ao CEGI e ao INESC TEC, para além de ser um importante passo no sentido de criarmos massa crítica para termos um papel mais ativo na tomada de decisão ao nível das políticas públicas. Note-se que isto está perfeitamente alinhado nas áreas de investigação do Mário — Gestão e Economia da Saúde, e Políticas Públicas. Adicionalmente, neste mês, o Mário foi também nomeado membro do Management Committee do projeto europeu RANCARE, financiado pela EU Cost.”
A ter de escolher um fator de distinção para merecer a nomeação para Fora de Série, destacaria o meu aprimorado conhecimento sobre as melhores francesinhas do Porto (curiosamente, a minha preferida fica em Matosinhos). Ou então a minha capacidade de enganar tanta gente ao mesmo tempo, levando-os a tomar a imprudente opção de me escolherem para isto tudo. Mas enfim, são critérios que respeito, e sendo estes os relevantes, eu próprio não diria melhor.
Fora de Série - Mês de Dezembro
- Mário Amorim Lopes, CEGI
“O Mário Amorim Lopes foi nomeado, em dezembro de 2016, «deputado» do Health Parliament Portugal, uma iniciativa da Universidade Nova, Jansen-Cilag, Expresso e Microsoft. Das quase 500 candidaturas, o Mário foi um dos 60 eleitos, indo agora integrar grupos de trabalho que analisarão políticas públicas na área da saúde, assim como produzirão pareceres e recomendações a serem discutidos com deputados à Assembleia da República. Isto conferirá visibilidade ao CEGI e ao INESC TEC, para além de ser um importante passo no sentido de criarmos massa crítica para termos um papel mais ativo na tomada de decisão ao nível das políticas públicas. Note-se que isto está perfeitamente alinhado nas áreas de investigação do Mário — Gestão e Economia da Saúde, e Políticas Públicas. Adicionalmente, neste mês, o Mário foi também nomeado membro do Management Committee do projeto europeu RANCARE, financiado pela EU Cost.”
Coordenação do CEGI
- Renata Rodrigues (CTM)
"A Coordenação do CTM propõe para ‘Fora de Série’ a sua secretária Renata Rodrigues pelo rigor, profissionalismo, autonomia e dedicação com que tem desenvolvido as suas atividades, em particular no mês de dezembro, durante o qual tratou de um grande número processos com prazos de execução muito curtos e organizou exemplarmente o jantar de Natal do CTM."
Coordenação do CTM