INESC TEC colabora em estudo sobre migrações dos peixes
Integrar marcas naturais e artificiais com o objetivo de estudar e reconstruir as migrações dos peixes ao longo do seu ciclo de vida são os propósitos do projeto MYTAG, no qual o Centro de Robótica e Sistemas Autónomos (CRAS) do INESC TEC e o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) participam ativamente.
MYTAG reúne assim uma equipa multidisciplinar de biólogos e engenheiros e recorre a técnicas inovadoras que englobam a utilização de marcas naturais e artificiais para estudar os movimentos do ciclo de vida da solha-das-pedras (Platichthys flesus), com o objetivo de compreender as ligações entre os vários estados de desenvolvimento da solha e revelar a plasticidade das suas estratégias migratórias.
Durante o estudo serão testadas em laboratório e no campo várias marcas para inferir os seus efeitos no comportamento, condição e sobrevivência das solhas. A colocação de marcas artificiais nos peixes, incluindo marcas externas para um ensaio de captura-e-recaptura, e marcas acústicas, que serão seguidas por veículos robóticos não tripulados (ASVs), permitirá avaliar os padrões de utilização do habitat estuarino e as migrações reprodutivas ao longo da costa.
As migrações das solhas ao longo do seu ciclo de vida serão assim reconstruídas com base nos resultados obtidos e através da análise de marcas naturais como os otólitos e o desenvolvimento das gónadas e hormonas sexuais presentes nos indivíduos adultos. Esta abordagem multifacetada será importante para melhorar a eficácia de estratégias de gestão e conservação desta espécie, sendo também uma oportunidade para o desenvolvimento de novas tecnologias de ponta, revelam os investigadores do projeto.
“As migrações dos peixes são uma questão fundamental em biologia marinha e a reconstrução das vias migratórias ao longo do desenvolvimento dos peixes reveste-se de elevada importância, uma vez que estas influenciam a dinâmica populacional das espécies, padrões de colonização de habitats e resiliência às capturas”, referem os investigadores.
O projeto, liderado Centro de Ecologia Funcional da U. Coimbra (CFE) e com a duração de três anos, abrange investigadores do CIIMAR, do INESC TEC e do MARE (Universidade de Lisboa), peritos em ecologia marinha e engenharia robótica, e conta ainda com o apoio de Timothy Loher (International Pacific Halibut Commission, USA).
Da equipa do CRAS fazem parte Eduardo Silva e Alfredo Martins.
Os investigadores mencionados nesta notícia têm vínculo ao P.Porto-ISEP.