A BARATA E A FORMIGA
Eis um conceito discutido desde Aristóteles: a cada nível de complexidade em sistemas auto-organizados, propriedades inteiramente novas emergem. Elas não resultam de soma ou diferença de propriedades elementares, nem se podem deduzir delas ou reduzir a elas.
Vem esta recordatória a propósito do sistema científico nacional: foi da sua complexificação, defendemos, que emergiram capacidades insuspeitas levando a uma história recente de progresso tão inesperado como surpreendente.
Por isso temos sustentado que uma pulverização do sistema cometeria o pecado mortal da simplificação – mataria as propriedades emergentes. A agregação, a aglomeração estruturada de cientistas e grupos é precisamente o que permite um salto incrível de qualidade, eficácia, produção de resultados e progresso.
A instituição é a estruturação que garante o fenómeno emergente da complexidade. Ele permite níveis de integração e estratégia impossíveis de alcançar por grupos menores.
Como metáfora biológica, tomemos as formigas. Reúna-se um milhão de formigas, e teremos um milhão de formigas. Junte-se uma rainha, e temos um formigueiro: sentido de existência superior, estratégia, inteligência coletiva.
Não basta sermos formigas operárias diligentes, formigas guerreiras batalhadoras. Se não houver estratégia institucional, seremos apenas como baratas tontas. Ainda que excelentes.