INESC Porto sem fronteiras
Novo edifício é um investimento no futuro em ano de crise
O INESC Porto liderou a candidatura de financiamento ao ON.2 para a construção de um novo edifício que se assumirá como uma infra-estrutura tecnológica para consolidar e desenvolver novas actividades de I&DT a prestar pelo próprio INESC Porto e por quatro unidades da FEUP. Este projecto ambicioso, a construir no campus da FEUP, deverá alojar 150 investigadores e promoverá os valores do novo paradigma energético ao instalar no Porto um moderno Laboratório de Microgeração, Microredes e Veículos Eléctricos.
Concentrar competências
Em estreita cooperação com a FEUP (um dos seus associados), o INESC Porto pretende juntar num único edifício os seus especialistas da área da Energia e os investigadores do Grupo de Electrónica Industrial (ISR Porto), Centro de Estudos de Fenómenos de Transporte (CEFT), Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente e Energia (LEPAE) e Laboratório Associado - Laboratório de Processos de Separação e Reacção & Laboratório de Catálise e Materiais (LA LSRE/LCM).
Esta parceria INESC Porto/FEUP procura unir esforços para alargar e robustecer a capacidade de fornecimento de serviços tecnológicos à indústria e a prestadores de serviços actuantes na área da Energia. Mas a esperada sinergia não será limitada a estes agentes pois, dentro de uma lógica de complementaridade de competências, deverão também ser exploradas ligações a outras unidades internas do INESC Porto e Unidades de I&DT residentes no Campus da FEUP, nomeadamente o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) e o Instituto de Engenharia Mecânica (IDMEC).
Energia como tema dominante
O contexto para a concepção deste edifício é o novo paradigma energético que se caracteriza por uma maior utilização de fontes de energias renováveis, num quadro de crescente responsabilidade do lado da procura, envolvendo o aumento da eficiência dos processos de conversão de utilização de Energia e recorrendo a uma articulação em tempo real da dinâmica entre procura e a oferta. Em simultâneo, este projecto - denominado "Infra-estrutura Tecnológica para a Energia Sustentável" - visa promover a criação de emprego-saber qualificado a nível da região Norte, com expressão no desenvolvimento tecnológico e na melhoria da eficiência dos processos industriais e de conversão de Energia.
Actuando em temas emergentes - como o dos veículos eléctricos e sua integração nas redes de energia, microredes e microgeração, sistemas de conversão de energia, redes eléctricas inteligentes integrando fontes renováveis, captura de gases com efeito de estufa, eficiência energética, sistemas de conversão de energia solar do tipo fotovoltaico, biocombústiveis, entre muitos outros - esta infra-estrutura tecnológica vem consolidar e fazer crescer a capacidade instalada de I&DT, na área de Energia, nas unidades residentes no campus da FEUP.
Pluridisciplinaridade é aposta
Ao contrário do que a designação poderia sugerir, esta infra-estrutura tecnológica que se projecta para o novo edifício não limitará as suas competências à área de Energia, no sentido mais estrito em que é actualmente endereçada no INESC Porto. Antes promoverá o desenvolvimento de sinergias entre as unidades desta instituição, da FEUP e de outras nacionais numa abordagem abrangente ao tema da Energia Sustentável, privilegiando uma lógica de pluridisciplinaridade e de utilização de tecnologias complementares das áreas de Materiais, Química e de Tecnologias de Informação e Comunicações.
Este projecto vai então permitir a criação de infra-estruturas laboratoriais novas para possibilitar o desenvolvimento de I&DT nos diversos domínios identificados, com elevado potencial de inovação. As formas de intervenção serão variadas, passando pela vigilância tecnológica, co-promoção de projectos e disseminação de resultados, prestação de serviços tecnológicos e ainda pelo apoio à criação e desenvolvimento de empresas de base tecnológica.
Valorização de tecnologia e de RH
Numa visão mais abrangente, esta nova infra-estrutura tecnológica permitirá aumentar o volume de transferência de tecnologia para a indústria e para fornecedores de serviços (em particular para empresas situadas na Região Norte) e a associada aos clusters da energia eólica, da indústria automóvel na componente associada à mobilidade eléctrica e à integração dos veículos eléctricos nas redes eléctricas, e ainda apoiar o desenvolvimento futuro de novos clusters tecnológicos, como os associados às indústrias da energia off-shore e do solar fotovoltaico.
Uma outra contribuição que se assumirá como estratégica no contexto actual de crise económica é a criação de emprego altamente qualificado na área da Energia, quer como resultado directo da actividade de I&DT a desenvolver pelos parceiros do projecto (envolvendo a formação avançada de recursos humanos envolvidos nos projectos de I&DT a desenvolver), quer indirectamente através da criação de novos empregos ao nível dos tomadores de tecnologia pertencentes ao universo alvo empresarial.
Impacto regional e nacional
Prevê-se ainda que este projecto possa gerar um forte impacto na actividade económica das empresas com relevância de actividade na área da Energia, como resultado do apoio e da transferência de tecnologia a promover pelos parceiros deste projecto, ao permitir-lhes desenvolver e comercializar novos produtos e soluções industriais para servir as necessidades resultantes das mudanças de paradigma energético, em curso.
Em última análise, esta nova infra-estrutura tecnológica contribuirá para o desenvolvimento energético e ambiental sustentado, não só da Região Norte mas de Portugal na sua extensão no que concerne ao desenvolvimento das tecnologias necessárias para gerir equilibradamente o binómio oferta / procura de Energia, numa lógica de promoção de energias renováveis e aumento da eficiência da utilização de energia.
Metas europeias no horizonte
Passando do plano nacional para a dimensão europeia, é importante recordar a necessidade de se promover nos próximos anos um modelo de desenvolvimento económico que considere as medidas definidas pela União Europeia no Pacote Energia-Clima com as suas novas metas 20-20-20 (reduções de 20% nas emissões de CO2 e consumo de energia, aumento para 20% do peso das energias renováveis no consumo total de energia, em 2020).
Ora para que se desenvolvam e instalem um conjunto de soluções tecnológicas inovadoras que permitam alcançar estas metas é necessário reforçar a capacidade de I&DT das instituições de investigação que desenvolvem actividade na área da Energia e que assim poderão apoiar e sustentar o desenvolvimento de soluções industriais a utilizar no terreno. A concentração de competências multidisciplinares nesta área num único edifício vem responder exactamente a esta necessidade.
Novo edifício: facts & figures
Está prevista a construção do edifício no campus da FEUP, situado entre o do INESC Porto e o do INEGI, para a instalação de meios humanos que permitirão o reforço das actividades de I&DT das diferentes unidades nos domínios de intervenção identificados (estima-se que o edifício permita instalar 150 investigadores), bem como a instalação de uma infra-estrutura laboratorial para criação de um Laboratório de Microgeração, Microredes e Veículos Eléctricos.
O edifício a construir terá uma área bruta de construção de 2.130m² e um total de 6 pisos (Cave, R/C e 4 pisos elevados), devendo incluir as infra-estruturas de comunicações, rede de computadores, electricidade, saneamento, águas, ventilação e ar condicionado, prevendo-se que a infra-estrutura laboratorial fique instalada na cave. A data prevista de arranque das obras é o início de 2010, com execução no prazo de dois anos.
Discurso Directo
- João Peças Lopes (director INESC Porto)
"A construção desta infra-estrutura irá potenciar o aumento da colaboração interdisciplinar das unidades de I&D que co-existem no INESC Porto LA, nomeadamente através do envolvimento em projectos mobilizadores da área da Energia como os referentes ao Smart Metering, microgeração e ainda a integração de veículos eléctricos em redes eléctricas. O potencial de transferência de tecnologia e de formação de recursos humanos avançados será significativo podendo, através da endogeneização do conhecimento ao nível da indústria e da criação de novas empresas de base tecnológica, contribuir para a criação de novos empregos e para o aumento da capacidade produtiva e exportadora da indústria portuguesa em alguns nichos tecnológicos".
- Luís de Melo (director LEPAE)
“A curto prazo o LEPAE necessitará de contratar mais três Doutorados e oito Investigadores com Mestrado para executar os projectos a que já se candidatou. O principal estrangulamento que afecta esta unidade de investigação tem a ver com o espaço disponível que já é claramente insuficiente para dar resposta às solicitações actuais. Estimando-se a integração de mais 15 Investigadores nos próximos cinco anos, a questão do espaço para investigação é deveras crucial. Por isso, a aprovação desta candidatura reveste-se da maior importância para o LEPAE por permitir o aumento das suas competências”.
- Alírio Rodrigues (director LA LSRE/LCM)
"O projecto “Infra-estrutura Tecnológica para a Energia Sustentável” permitirá ao LSRE/LCM potenciar ainda mais a área de transferência de tecnologia para a Indústria Nacional no domínio das energias renováveis (produção de biocombustíveis, produção e armazenamento de hidrogénio, captura de CO2) e eficiência energética (na indústria química e de edifícios), por via do aumento de áreas de gabinete para acolher os novos investigadores e técnicos, prevendo-se a contratação, nos próximos cinco anos, de pelo menos seis investigadores de pós-doutoramento, 18 alunos de doutoramento e 10 bolseiros de investigação. Possibilitará ainda o reforço de sinergias entre as unidades de I&D instaladas, fomentando a transferência e consultadoria tecnológica fomentadas por equipas interdisciplinares".