INESC Porto junta robótica às suas competências
Com aplicações da indústria à monitorização ambiental
O INESC Porto continua a crescer a passos largos, agora com a inclusão do Grupo de Robótica e Sistemas Inteligentes (GRSI) na sua actividade. Nascido na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), este Grupo dedica a sua actividade à área de sistemas robóticos, incluindo robótica submarina e de superfície ou manipuladores robóticos industriais. Mais conhecido pelo futebol robótico, o GRSI atingiu já lugares cimeiros em diversas competições, levando cada vez mais a robótica até aos jovens.
Aproveitando as competências do INESC Porto, o GRSI vê a entrada na instituição como uma oportunidade para alargar horizontes e participar em mais e melhores projectos, capazes de conduzir a uma maior divulgação e valorização do trabalho desenvolvido. Desde o futebol, passando pela monitorização ambiental e robótica industrial, o Grupo traz para o INESC Porto uma nova vertente científica que permitirá alavancar um sem-número de projectos e a entrada num novo mercado de incontáveis potencialidades.
As origens do Grupo de Robótica
O Grupo de Robótica e Sistemas Inteligentes nasceu em 1998 quando um conjunto de docentes e antigos alunos da FEUP se juntaram para participar pela primeira vez na competição mundial de Futebol Robótico, a chamada RoboCup. Logo nesse ano, o Grupo obteve o 3º lugar a nível mundial na liga Small-size e, desde então, tem vindo a participar regularmente em competições do género, tendo por várias vezes alcançado o 1º lugar a nível Europeu e, em 2006, o 2º lugar no Mundial.
O GRSI foi ganhando terreno e alargando os seus horizontes, passando a incluir mais tarde a robótica submarina e de superfície na sua investigação, com o desenvolvimento de sistemas avançados para a recolha e processamento de dados em ambientes aquáticos, e ainda manipuladores robóticos industriais, que podem ser usados na indústria. Recentemente, o Grupo tem vindo a dedicar especial atenção a cooperações com a indústria e serviços, tal como à transferência de tecnologias já desenvolvidas e testadas, sem descuidar a parte científica. Fruto desta estratégia e de cooperações e laços já existentes, o GRSI decidiu, deste modo, integrar o INESC Porto em 2009.
A robótica e suas aplicações
O objectivo principal do Grupo consiste no desenvolvimento de sistemas robóticos inovadores para diferentes áreas de aplicação onde as plataformas correntes não são suficientes. Para além de desempenhar um papel fulcral em ambientes marinhos com sistemas de monitorização aquática e ambiental, os sistemas robóticos, de acordo com António Paulo Moreira, docente na FEUP e investigador responsável pelo Grupo, podem ainda ser aplicados às áreas da Indústria e Logística, nomeadamente direccionados para o “transporte de materiais na linha de produção, linhas de produção e manipuladores industriais mais flexíveis”, permitindo “uma maior adaptabilidade e técnicas de ensinamento e programação rápidas dos manipuladores”.
Exemplos de casos de sucesso são o projecto FlupolPaint, desenvolvido com a empresa FLUPOL, e cujo objectivo é desenvolver um sistema de pintura robotizada com visão artificial capaz de se adaptar a diferentes dimensões e formas, sem necessidade de reprogramação do manipulador industrial; e o projecto Mini-AVG (Automated Guided Vehicle Systems) que consiste no desenvolvimento de plataformas robóticas com 50 kg de carga útil para linhas de produção flexíveis e armazéns distribuídos.
Futebol robótico como atractivo para os jovens
As competições de futebol robótico são cada vez mais mediatizadas, tendo já este Grupo sido vencedor de diversas competições que passaram por países como Japão, Estados Unidos, Itália, Suécia, França, Austrália, entre outros. Nestas competições, a performance dos robôs é avaliada pela RoboCup Federation. Com diversas ligas, cada uma com diferentes desafios - sendo que as principais ligas são autónomas (sem controlo humano) -, estas competições constituem uma oportunidade para avaliar o desempenho dos robôs desenvolvidos pelas diferentes equipas.
Com a crescente onda de curiosidade à volta da robótica, a pergunta impunha-se: não será o futebol robótico um meio eficaz para atrair jovens para a investigação nesta área? A resposta do investigador é peremptória: “Isso já é um facto comprovado. Grande parte dos alunos que temos na especialização em Robótica no Major de Automação do Mestrado Integrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores é constituída por alunos que nos visitaram na Semana Aberta da FEUP e que entraram no curso devido ao que viram nessa altura”. Mais ainda, “a participação na Mostra da Universidade do Porto dá também uma certa visibilidade à actividade, pelo que esta abertura é muito atractiva para os visitantes do ensino secundário”. Além disso, “um campo de jogo num espaço digno e facilmente visitável (estão previstas obras nesse sentido em breve) poderá aumentar e dignificar mais ainda esta actividade”, acrescenta o professor.
O Grupo de Robótica e o INESC Porto
Depois de um sucesso consolidado, a questão impunha-se: o que significa para a equipa esta nova etapa de entrada no INESC Porto? Que mais-valias pensam poder ganhar e oferecer com esta ligação? António Paulo Moreira responde com a motivação de que a entrada no INESC Porto corresponde a uma “abertura de novos horizontes” que permitirá “facilitar contactos com outras instituições de investigação e empresas, quer nacionais quer internacionais, assim como uma maior facilidade na elaboração de projectos e na descoberta de novos parceiros”. Ao mesmo tempo, é a oportunidade para “uma maior divulgação e valorização do nosso trabalho”, adianta.
Ainda assim, a colaboração com o INESC Porto era já duradoura, sendo que existiam algumas colaborações pontuais e informais. "Já pertenci ao INESC Porto entre 1986 e 1991”, revela o professor, pelo que a integração está já mais facilitada. E poderão ocorrer algumas dificuldades uma vez que não haverá partilha do espaço físico do INESC Porto? António Paulo Moreira admite que, de facto, de início pode ser difícil “saber as pessoas certas com quem falar para recebermos apoio nos diversos assuntos. No entanto, pela experiência e apoio que estamos a ter nesta fase inicial, parece-me que será uma integração muito fácil”, confessa.
O BIP procurou saber a opinião de alguns colaboradores acerca desta nova equipa que se junta ao INESC Porto e sobre como ambas as partes podem beneficiar desta ligação.
Em discurso directo
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Américo Azevedo (investigador UESP), que desempenhará a função de elemento-ligação entre o INESC Porto e o Grupo Robótica e Sistemas Inteligentes
“Penso que este Grupo é uma mais-valia para o INESC Porto poder oferecer e explorar competências avançadas na área da Robótica e dos Sistemas Inteligentes. Neste momento abrem-se um sem-número de oportunidades, quer a nível industrial, quer a nível dos serviços. Desde soluções avançadas baseadas na robótica móvel e autónoma à integração de tecnologias de sensorização avançadas (sistemas de visão, por exemplo), o INESC Porto, através deste novo grupo, poderá ganhar novos mercados e por isso ainda ter mais notoriedade.
Por outro lado, os elementos deste Grupo que integram a partir de agora o INESC Porto poderão tirar partido de uma estrutura profissional e com uma base de contactos e de relacionamento, a nível nacional e internacional, ímpares no panorama de toda a U.Porto.
Estou certo de que foi um casamento harmonioso, que garantidamente trará valor acrescentado a cada uma das suas partes”.
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Manuel Matos (coordenador USE)
“A entrada deste Grupo corresponde a um crescimento relativamente orgânico do INESC Porto que se enquadra na estratégia global da instituição. Do ponto de vista do Grupo, a inserção na cultura INESC Porto será com certeza o primeiro benefício, mas é fácil antecipar pontes a estabelecer com Unidades e Grupos Associados (optimização, decisão, informática)”.
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Vladimiro Miranda (director do INESC Porto)
"O INESC Porto está sempre carenciado de valências que dominem o hardware e a integração de tecnologias, mas nunca quis tentar duplicar os esforços desenvolvidos por outros grupos na FEUP - e por isso nunca investiu na área da robótica. Mas esta adesão de pessoas com inegável valor é um enriquecimento notável colectivo que muito em alegra. Acredito também, sem mácula de dúvida, que o Grupo vai beneficiar tremendamente do ambiente INESC Porto e os seus elementos vão, em curtíssimo prazo, dar por bem aproveitado o momento de inspiração em que decidiram romper com velhos hábitos de conservação de distância. O Grupo não se resume (longe disso!) ao Futebol Robótico, mas tenho a esperança fundada que poderemos todos contribuir para que a nova equipa FEUP/INESC Porto possa vir a ser campeã do mundo!"
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Luís Carneiro (coordenador da UESP)
“Penso que o Grupo de Automação Inteligente e Robótica representa um alargamento importante das áreas de competência e de investigação do INESC Porto na área das tecnologias de produção. Para a UESP, este Grupo traz competências complementares importantes para uma das nossas principais áreas de aplicação: os sistemas de automação da Logística Interna em empresas industriais. Esta complementaridade pode reforçar a nossa intervenção nesta área e abrir novas oportunidades em projectos de IDT a nível nacional e internacional”.
Para mais informação sobre o Grupo de Robótica e Sistemas Inteligentes, visite:
http://oceansys.fe.up.pt/