Asneira Livre
Perigo: criação de falSas expectativas!
Em novembro do ano passado a Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR), juntamente com vários dos seus Associados, efetuou uma visita ao INESC TEC. A visita, integrada num roadswhow pela Universidade do Porto, teve como objetivo identificar sinergias e possíveis colaborações.
Durante a visita foi efetuada uma apresentação da área TEC4AGRO-FOOD (Tecnologias da Informação, Comunicação e Eletrónica - TICE - para os setores Agrícola, Agroalimentar e Florestal), com especial enfoque na experiência do INESC TEC na Fileira da Cortiça e nas potenciais aplicações das competências do INESC TEC para essa mesma fileira. De realçar que uma dessas potenciais aplicações, relacionada com a possibilidade de se desenvolver um sensor para deteção em tempo real e, em linha, de TCA (2,4,6 Trichloroanisol; principal responsável pelo chamado “gosto a rolha” no vinho), suscitou grande interesse na audiência, tendo inclusive provocado um burburinho no auditório.
Poder-se-á dizer que a visita foi um sucesso, muito devido ao feedback muito positivo do Presidente da APCOR, no final da visita e após a mensagem final do INESC TEC: “Fazemos votos de que possamos em conjunto construir um ecossistema de Inovação tão profícuo e virtuoso como o ecossistema do Montado de Sobro”.
Passaram-se entretanto alguns dias e, na semana seguinte, toca o telefone do Serviço de Apoio a Parcerias Empresariais (SAPE), estando do outro lado uma Colaboradora de uma das empresas de cortiça que estiveram presentes na reunião. Após os cumprimentos da praxe, eis senão quando a dita Colaboradora dispara com: “Gostámos muito da vossa apresentação, principalmente no que toca ao sensor para deteção de TCA, pelo que gostaríamos de saber quantos sensores têm para entrega imediata, qual o preço do sensor e qual o lead time para futuras encomendas”. E, pronto, estava instalada a confusão total!
Há, por isso, que evitar ao máximo a criação de falsas expetativas, passando a transmitir, sempre, que as entidades do Sistema Nacional de Investigação e Inovação (SI&I), nas quais o INESC TEC se enquadra, tipicamente (há exceções), desenvolvem tecnologias até Technology Readiness Level (TRL) 7 - Demonstração do Protótipo do Sistema em Ambiente Operacional, cabendo depois aos “Tomadores de Tecnologia” com capacidade para “endogeneizar” o desenvolvimento levado a cabo pelas entidades do SI&I, prosseguirem com a “produtização” da tecnologia. Como uma imagem vale mil palavras:
*Colaborador do Serviço de Apoio a Parcerias Empresariais (SAPE)