O trabalho de casa a fazer
Angola está na moda, nos recentes dias em Portugal, pelas melhores razões – e a melhor razão é a esperança.
O Norte de Portugal tem uma dívida de gratidão recente a Angola: porque, no gelo da crise que se abateu sobre o nosso país, as exportações para Angola, saídas por Leixões, tiveram influência muito importante no amenizar das perturbações que atingiram empresas e famílias e evitaram, porventura, um colapso maior.
Agora, que é Angola quem se debate com uma crise de contornos paralelos à que Portugal sofreu, como poderemos retribuir? À nossa medida, de instituição de Ciência e Tecnologia, pouco parecerá que podemos fazer. Será assim?
Na verdade, o INESC TEC tem estado divorciado-quase daquele fascinante país irmão do sul da África. Não há bolseiros angolanos, não há acordos de cooperação com instituições angolanas. Há, apenas, uma atividade de projeto na área de competência do Cluster da Energia, mas que não foi materializada por contacto direto. Não houve visitas de instituições angolanas, nem visitas de governantes e agências estatais angolanas.
Se o alheamento do INESC TEC relativamente a Angola parece grande, o desconhecimento de Angola sobre o INESC TEC deverá ser abismal.
Ora isto contraria, dizemos, a ordem natural das coisas. Entendemo-nos na mesma língua, mas estamos mudos e surdos, debaixo do cone do silêncio de Maxwell Smart?
O INESC TEC tem uma escala demasiado grande para não ter política relativamente aos países de língua portuguesa. Felizmente, houve sempre o desejo de aproximação, e há sinais recentes de que algo poderá mudar, há contactos que podem abrir novas perspetivas. Assim também queiram os angolanos, pode comentar-se – mas isso não nos isenta do nosso trabalho de casa.
Creditos foto: Euronews.