A REALIDADE E OS VOTOS BONS
Nada mais fácil que o discurso fácil.
Eis a receita para (pare)cer profundo, estratégico, visionário. Esperar um microfone. Soltar: “falta colaboração universidade indústria”. Depois, aguardar um tempo breve: o jornalista irá replicar, noticiar, tuitar a máxima, completando com um diz fulano. Pode ser prato requentado, roupa velha: sirva-se frio ou quente, é deglutível de qualquer dos jeitos. Na ausência de pensamento, é o mantra inevitável – aquela coisa, com aparência de diagnóstico, de que se enche o vazio acústico.
E a realidade, como ficamos?
A realidade, a nossa realidade, é muito melhor que isso. Desmente, em cada instância, a atoarda torpe.
2016 foi um ano de marco miliário. Foi neste ano que se comemoraram 20 anos de sucessivos contratos de I&D entre o INESC TEC e a APDL: duas décadas de ciência a verter na economia dos portos, a contribuir para fazer de Leixões um porto europeu exemplar. Um contrato é coisa esporádica, corre bem ou mal; agora, quando no cadastro constam 20 anos, só tem uma explicação: foi bom para os dois.
Foram também 20 anos de contratos e relacionamento com o grupo EFACEC. Não houve festa? Poderia ter havido, porque o mesmo raciocínio se aplica. Duas décadas a transferir inovação para que a empresa competisse no mercado internacional. Fala-se das exportações como motor de Portugal – então, o INESC TEC é peça dessa máquina.
Em 2018, serão 30 anos de contratos e relacionamento com o Grupo EDP. Festança da grande, antevê-se, porque a EDP não só o recorda com bons olhos como inovou no cenário nacional, firmando com o INESC TEC um contrato-programa de I&D que é assinalável como quebra de paradigma: de relação avulsa passa-se a um patamar estruturado. O know how da EDP está em tantos países, a ciência e inovação das nossas também lá está.
São três exemplos, de muitos mais, que se invocam porque se contam em décadas.
2017 será mais um ano assim: o INESC TEC a contribuir para a economia nacional. À sua maneira: com ciência e inovação. Mas também com a inexcedível dedicação das suas gentes, que não olham a camisolas: da Universidade do Porto ou do Politécnico do Porto, da Universidade do Minho ou da UTAD, do Politécnico de Bragança ou da Universidade Aberta, de muitas outras instituições nacionais, sem esquecer o INESC P&D Brasil, estamos juntos e sem guerrilhas de paróquia. É um universo de gente organizado nas suas galáxias institucionais, e a todos estamos gratos, pois todos são estrelas, incluindo aqueles que, circunstancialmente, estão ao leme das várias barcas (ou naves, tenhamos ambição).
O INESC TEC somos todos nós. Se a algo devemos estar gratos, em 2017, é de nos permitirem sermos quem somos. Trataremos de retribuir em dobrado essa confiança. Aos nossos associados, parceiros, colaboradores, amigos, um ano feliz. E que seja interessante.
Créditos foto: Alexandre Delmar