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Fora de Série

"Queremos que os nossos robots sigam o nosso exemplo e tirem partido da sua complementaridade para alcançarem objetivos ambiciosos.", Nuno Cruz (CRAS)

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"Para sempre, terei no meu currículo que o meu primeiro trabalho foi nesta organização imponente e prestigiada e tal é uma grande honra!", Joana Costa (CESE)

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Fora de Série

A Série dos fora de série

Num universo de mais de 1200 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determinou uma mudança de política editorial: o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!). Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, é desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.


ESTE MÊS FALAMOS COM Nuno Cruz, do CRAS

1. Como é constituída esta equipa e como é que se juntou?

A equipa PISCES é composta por 16 investigadores do INESC TEC e 8 do CINTAL (da Universidade do Algarve), agrupados segundo as competências necessárias para abordar os vários desafios lançados pela competição Shell Ocean Discovery XPRIZE. Quando a competição foi lançada, no final de 2015, verificamos que estava totalmente alinhada com a nossa estratégia para o desenvolvimento de tecnologias de exploração do mar profundo. Uma vez que temos avançado nessa estratégia em diversos projetos de I&D na área da robótica, foi relativamente fácil reunir os desenvolvimentos parcelares num objetivo comum. Neste projeto, os requisitos de mapeamento não podem ser satisfeitos pelos sensores comercialmente disponíveis. Por isso, recorremos aos nossos parceiros do CINTAL com quem colaboramos há muitos anos que, sendo especialistas em acústica subaquática, pretendem desenvolver uma solução disruptiva para mapeamento do mar profundo.

XPrize submarino


2. Qual é o papel do INESC TEC/CRAS neste grupo?

O INESC TEC/CRAS é responsável pelas atividades de robótica e pela coordenação geral da equipa, uma vez que os maiores desafios são claramente na área da robótica marinha. Felizmente, estamos envolvidos em muitos projetos nacionais e internacionais, mas ao mesmo tempo isso condiciona a disponibilidade de recursos humanos e de equipamento. Portanto um papel importante do CRAS é assegurar que as atividades deste projeto têm um impacto mínimo nos restantes projetos.

barcos testes


3. Que tipo de trabalho é que desenvolvem?

PISCES é o nome de uma constelação e foi escolhido não só pela ligação ao mar, mas também porque simboliza a utilização de robótica cooperativa para resolver problemas complexos. Na realidade, queremos que os nossos robots (barcos e submarinos) sigam o nosso exemplo e tirem partido da sua complementaridade para alcançarem objetivos ambiciosos. Para isso é necessário avançar em várias direções: melhorar a robustez de cada sistema, aumentar a sua eficiência energética, aperfeiçoar a capacidade de perceção do meio ambiente e melhorar o desempenho da navegação e controlo. Essas melhorias individuais têm depois de ser devidamente potenciadas pela utilização em conjunto.

pisces pisces


4. A nomeação destaca um excelente resultado obtido. A que é que se refere?

O excelente resultado obtido foi sem dúvida a passagem à fase final numa competição tão exigente como esta e em que participam algumas das instituições de topo da robótica. Até essa altura, tínhamos já ultrapassado duas fases eliminatórias, em que foi necessário mostrar que tínhamos soluções técnicas exequíveis para o mapeamento preciso de águas profundas. Muitas dessas soluções eram de caráter inovador e, portanto, de elevado risco de implementação. Por esse motivo, esta última etapa, em que foi necessário demonstrar os sistemas em funcionamento, era de elevada dificuldade. Felizmente, conseguimos cumprir com sucesso o conjunto de onze critérios definidos pela organização e passar à fase final, entrando num grupo restrito de nove equipas finalistas: quatro Europeias, quatro Norte-Americanas e uma Japonesa. Isto por si só já mereceu grande destaque na comunidade robótica, demonstrando o papel crescente que o INESC TEC tem tido na robótica a nível internacional. Convém lembrar que algumas das competições organizadas pela XPRIZE são tão exigentes que terminam sem ter qualquer vencedor, o que reforça ainda mais a importância desta passagem à fase final.

Nuno Cruz

5. Quais são os objetivos para o futuro deste grupo de trabalho?

Até ao final da competição, prevista para o último trimestre de 2018, a equipa está focada em ultrapassar as dificuldades técnicas, melhorar ao máximo o desempenho dos diversos sub-sistemas e demonstrar no terreno as capacidades do sistema integrado. Nesta altura, já conseguimos desenvolver e demonstrar muitas capacidades novas, mas infelizmente os prazos apertados associados à competição não nos tem permitido proceder ao ciclo normal de desenvolvimento, com testes exaustivos, incorporação de feedback e publicação dos resultados de I&D. Isto será claramente uma prioridade a médio prazo, assim como o desenvolvimento e teste de novas ideias que, entretanto, têm surgido de forma natural.

testes equipa

Como solução integrada, o conceito PISCES será extremamente valioso no mapeamento pormenorizado e na exploração do fundo do mar Português, em particular associado à extensão da plataforma continental. Em simultâneo, estamos a acompanhar o esforço internacional para o mapeamento completo do fundo do mar, no âmbito da iniciativa GEBCO Seabed 2030, para a qual pensamos que poderemos contribuir de forma efetiva. Estas atividades serão suportadas pela infraestrutura TEC4SEA, que se encontra em fase de implementação e para a qual o conceito PISCES, pelo seu caráter inovador, será certamente uma bandeira.


6. Terminaremos este questionário, pedindo que comentem a nomeação, feita pela Coordenação do CRAS:

“A coordenação do CRAS quer propor para Fora de Série a equipa XPrize, pelo excelente resultado atingido, fruto de um grande empenho e trabalho de equipa. São assim destacados os 16 colaboradores do CRAS: Alexandra Nunes, Alfredo Martins, Ana Rita Gaspar, Andry Pinto, Aníbal Matos, Bruno Ferreira, Carlos Gonçalves, Eduardo Silva, Guilherme Amaral, Hugo Ferreira, Jorge Barbosa, José Almeida, José Alves, Nuno Abreu, Nuno Cruz e Vítor Pinto.

Apesar de o projeto não ter ainda terminado, a chegada à fase final foi um feito que encheu de orgulho toda a equipa. Para isso, foi necessário passar onze testes eliminatórios, que avaliaram o desempenho da nossa solução segundo várias vertentes, desde a robustez até à capacidade de perceção do ambiente. Esses testes decorreram nos laboratórios do CRAS e em Leixões, ainda durante o inverno. Foi uma semana de elevado stress, uma vez que envolveu diverso equipamento e métodos novos e em que a mínima falha poderia levar à nossa exclusão da competição.

Tivemos a felicidade de cumprir todos os critérios, o que certamente só foi possível pelo empenho de todos os envolvidos num objetivo comum. De facto, esta competição mobilizou praticamente todas as valências da robótica disponíveis no CRAS e inclui investigadores que estão distribuídos em laboratórios fisicamente afastados (entre a FEUP e o ISEP), pelo que serviu também para reforçar a coesão entre os elementos do centro.