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O nosso estado zen foi dolorosamente estilhaçado há dias: um dos aspirantes a engenheiro encontrou numa casa de banho de Eletrotecnia um pacote suspeito.

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Pânico no campus

Quem imagina o que é trabalhar no campus da FEUP, pensa sempre em alunos tranquilos a vaguear pastosamente de um edifício para outro, alguns deitados na relva verde repondo energias com os primeiros raios do sol de primavera, outros apenas pasmados consultando o telemóvel com carinho; além dos passarinhos, ouve-se, no máximo, uma ou outra cançãozita da praxe e até os insultos parecem doces. Lindo.

Ou seja: nós, do INESC TEC, que trabalhamos neste ambiente académico, temos a sorte de conviver com a serenidade bucólica, bovina e campestre que reina no campus da FEUP, de paz nunca estremecida.

Pois o nosso estado zen foi dolorosamente estilhaçado há dias.

Sabemos o que ocorreu: um dos aspirantes a engenheiro encontrou numa casa de banho de Eletrotecnia um pacote suspeito.

Sai o desgraçado a correr e aos gritos pedindo para chamar a Polícia, os bombeiros, o INEM, a Brigada de Minas e Armadilhas, o SIS. E lá vem a enxurrada para a FEUP com os Media atrás (e logo se puseram à frente), num grande alvoroço, gerando o pânico na comunidade. Evacuação de alunos já, determinaram as autoridades, e bem – pacote suspeito na casa de banho, é para mexer com cuidado.

Será terrorismo? Bomba? Explosivos? Pó branco (do letal, que do outro haveria festa)? Resultado: excitação, adrenalina, medo, e falatório criativo.

Três aflitas horas depois e muita coragem pelo meio, revela-se o mistério: o terrível pacote suspeito era afinal um néscio pedregulho, vulgo, um paralelo.

Não excluindo sugestões de problemas do foro médico intestinal, resta a explicação: aluno de Civil encontrara refúgio na casa de banho de Eletrotecnia, talvez asilo político, e deixara um presente.

Muito mais efetivo, no causar de alarme social, do que aluno de Eletrotecnia esquecer um eletrão no urinol de Civil. A vida tem destas assimetrias, e destas injustiças.