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Diretor do INESC Porto vence prémio de excelência do IEEE

Vladimiro Miranda é o primeiro português a receber o galardão

No mês de março, Vladimiro Miranda, diretor do INESC Porto (entidade que coordena o Laboratório Associado INESC TEC), foi selecionado para receber o IEEE Power & Energy Society Ramakumar Family Renewable Energy Excellence Award. O prémio, atribuído pela contribuição do investigador português para a promoção da integração de fontes de energia renovável em larga escala, será entregue numa cerimónia que se realiza em julho na cidade de Vancouver, no Canadá. Esta é a primeira vez que o prémio é atribuído a um investigador de nacionalidade portuguesa.

Especial 1   Especial 2

Um prémio de excelência

Oito anos depois de se tornar Fellow do IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers, o mais alto grau conferido pela comunidade científica e apenas a uma pequena percentagem dos membros do IEEE, reconhecendo um conjunto de atividades extraordinárias com valor concreto para a sociedade, Vladimiro Miranda vê agora ser distinguida a sua fundamental “contribuição para a promoção da integração de fontes de energia renovável em larga escala em sistemas de energia convencionais, através da aplicação de técnicas baseadas em inteligência computacional”, tal como comunicado pelo IEEE.

Especial 3   Especial 4

O diretor do INESC Porto receberá o prémio em mãos numa cerimónia a realizar no próximo dia 23 de julho durante o IEEE PES General Meeting em Vancouver, no Canadá, cujo tema é Shaping the Future Energy Industry (Moldando a Indústria da Energia do Futuro). Atribuído pela primeira vez a um cientista português, este galardão é a confirmação de que em Portugal, e no INESC TEC em particular, se desenvolve ciência internacionalmente reconhecida, o que se torna ainda mais relevante no contexto socioeconómico em que vivemos, onde é fundamental que as instituições se afirmem pela excelência.

Questionado sobre o que significou para si ser agraciado com este galardão, Vladimiro Miranda confessa que a nomeação o “enche de orgulho e satisfação”. Para o investigador, “esta distinção pelos pares contraria a ideia de que os colegas ou os países são invejosos. Pelo contrário, ela é o reconhecimento a uma pessoa de um país pequeno, periférico, geralmente discreto e silencioso na cena internacional”, adianta. E, insiste, “a responsabilidade pública que implica carregar esse prémio é muito grande - porque somos um país pequeno, desejo interpretá-lo como uma homenagem a Portugal pelo sucesso do seu envolvimento afirmativo e de alto nível técnico e científico nas energias renováveis”, revela. Interrogado sobre o facto de ser o primeiro português a ser distinguido com este galardão, Vladimiro Miranda admite que “mais do que ficar feliz por ser o primeiro português a receber este prémio – até porque o prémio é relativamente recente – fico na expectativa de ser o primeiro de vários porque sei que há muita gente em Portugal que o merece”.

Especial 5   Especial 6

A importância do IEEE para a ciência

O IEEE é uma associação que promove a inovação e excelência tecnológicas em benefício da sociedade e as suas raízes remontam ao ano de 1884, altura em que a eletricidade estava a dar os primeiros passos para se tornar uma das maiores forças motrizes mundiais. Concebido para servir profissionais envolvidos em todas as áreas relacionadas com a engenharia eletrotécnica, o IEEE expandiu-se para acolher engenheiros, cientistas e outros profissionais relacionados. E se nos anos 60 do século XX o IEEE contava com 150 mil membros, dos quais 140 mil oriundos dos Estados Unidos, em 2010 o número já ascendia 395 mil pessoas de 160 países diferentes. Para o diretor do INESC Porto, o “IEEE é a única organização mundial, na área da eletrotecnia, universalmente reconhecida como o expoente máximo de qualidade em simultâneo científica e profissional”. O investigador lembra que “são conhecidos os standards e normas profissionais e técnicas do IEEE que vigoram nos EUA e são referência internacional. Foi esta combinação entre atividade profissional de engenharia e um nível científico de investigação que transformou o IEEE numa potência mundial, para além de obviamente ser a organização da maior potência mundial”, destaca. 

O diretor realça não só a importância do IEEE para a ciência, mas também para os estudantes, que podem tornar-se membros do IEEE e beneficiar de subsídios, descontos, prémios e ainda do contacto com as personalidades mundiais mais rigorosas na área, sempre combinado com um pacote formativo relevante para estudantes que tenham um mínimo de exigência pessoal no desempenho da sua profissão. “Poderia argumentar-se que em interesse próprio [o IEEE] está a tentar capturar futuros sócios, mas a verdade é que o efeito positivo de fixação de um alto padrão de exigência a que os estudantes aspiram ascender tem um efeito absolutamente transformador na própria autoestima e qualidade e dedicação do trabalho dos estudantes”, revela o professor.

Especial 7   Especial 8

Contra o corte no acesso a revistas científicas

O reconhecimento planetário do IEEE reflete-se na apreciação que é feita da qualidade das revistas publicadas pela organização e que recebe em termos de fator de impacto das classificações mais altas dentro das áreas de eletrotecnia, eletrónica e computação. E é por isso que Vladimiro Miranda considera ser “condenável a decisão da FCCN - Fundação para a Computação Científica Nacional de cortar o acesso, através da B-on, às publicações do IEEE com antiguidade superior a cinco anos apresentando um argumento meramente orçamental”.

Para o diretor, houve com esta decisão uma “falha na avaliação da importância [das publicações] para a ciência e do efeito multiplicador que as ciências da engenharia portuguesa têm na própria economia, na indústria e, especialmente, na área de energia em que o país tem mais visibilidade”. "Foi precisamente na área em que a atividade científica em Portugal mais pode ter impacto direto na economia – a engenharia – que o corte foi efetuado", precisa e acrescenta: "Parece que a crise, antes de ser de finanças, é mesmo de bom senso e que os cortes, estes ou outros, são seletivos para prejudicar principalmente a atividade que pode produzir riqueza".

Uma cultura de prestígio científico

Este prémio vem mais uma vez afirmar nacional e internacionalmente a imagem do INESC TEC e da Universidade do Porto. “Tenho muita honra em ser professor da Universidade do Porto e sinto muito orgulho por fazer parte do INESC TEC. Confesso-me entusiasmado por receber este prémio até porque entendo que nunca teria tido condições de trabalho para poder chegar a esta etapa se não existisse o INESC TEC, e se não tivessem existido antes o INESC e o INESC Porto”, afirma o professor. Para Vladimiro Miranda “é impensável que tivéssemos alcançado os êxitos, o prestígio e o reconhecimento nacional e internacional que todo o grupo da área da energia tem se não estivéssemos apoiados por uma estrutura INESC, como é incompreensível que haja quem entenda que estas estruturas não são necessárias e que pode haver estratégia assente apenas em voluntarismos”, destaca.

Especial 9   Especial 10

E porque muitas vezes “é necessário em Portugal o reconhecimento externo, este resultado é um triunfo para a Universidade do Porto – e evidencia o valor do modelo que o INESC foi o primeiro a propor e a corporizar e que a Universidade do Porto cultivou tão bem, tanto que é reproduzido em outros institutos com igual prestígio, como é o caso do IBMC e do IPATIMUP, entre outros”. Trata-se de um modelo que produz excelência e sustentabilidade económica, dois conceitos que não são incompatíveis, e o prémio atribuído a Vladimiro Miranda confirma isso mesmo. Para o INESC TEC, do ponto de vista da projeção internacional trata-se de um selo de qualidade da mais alta autoridade científica, mas no plano nacional é o aval a um modelo capaz de produzir resultados amplamente reconhecidos.

Para além de Vladimiro Miranda, o INESC TEC conta ainda com outros colaboradores também Fellows do IEEE, designadamente José Carlos Príncipe (presidente do Scientific Advisory Board - SAB - do INESC TEC e docente na Universidade da Florida), José Fortes (membro do SAB e docente na Universidade da Florida), Gerald Sheblé (membro do SAB e docente na Universidade de South Wales, Austrália) ou Armando Leite da Silva (antigo colaborador da Unidade de Sistemas de Energia e Fellow do INESC Porto), que transportam para o INESC TEC a cultura de referência e de prestígio científico do IEEE.

em discurso direto

José Carlos Príncipe

José Carlos Príncipe, Universidade da Florida, Fellow IEEE

“O prémio demonstra que o trabalho desenvolvido pelo Professor Vladimiro em energias renováveis foi considerado o melhor pelos seus pares. Trata-se de um prémio que é atribuído por uma das sociedades técnicas [sistemas de energia] do IEEE e por isso tem um valor muito grande pois o grupo de candidatos é constituído pelos maiores peritos mundiais na matéria. Gostaria de aproveitar esta ocasião para congratular o Professor Vladimiro e o INESC TEC por esta distinção tão prestigiante”.

José Fortes

José Fortes, Universidade da Florida, Fellow IEEE

“Este é um prémio bem merecido e reconhece o papel do professor Vladimiro Miranda como um investigador de topo na área das energias renováveis e o seu trabalho é conhecido por todo o mundo. Este reconhecimento é ainda representativo da qualidade do trabalho desenvolvido pelo INESC TEC em diversas áreas da engenharia e tecnologias da informação”.

Mladen Kezunovic

Mladen Kezunovic, Texas A&M University, Fellow IEEE

“O título do prémio diz tudo. É uma grande honra para uma pessoa que contribuiu imenso para a área das renováveis a nível internacional. Ser selecionado para receber este prémio é muito importante porque reconhece não só a atividade do Vladimiro, mas também do INESC TEC e das pessoas que fazem parte dele".