Fora de Série
A Série dos fora de série
Num universo de mais de 1200 colaboradores, são muitos os meses em que há mais de um colaborador com um desempenho “Fora de Série”. Prova disso mesmo é o facto de, em vários meses, recebermos mais do que um nomeado. Isto determinou uma mudança de política editorial: o BIP passou a destacar todos os nomeados em cada mês, sem opção de mérito (porque todos o têm muito!). Adicionalmente, tendo por base critérios de oportunidade noticiosa, é desenvolvida uma entrevista a um dos nomeados.
ESTE MÊS FALAMOS COM susana Rodrigues e Duarte Dias (C-BER)
1. [Susana] A tua formação de base é Psicologia. Como é que isso se adequa ao trabalho desenvolvido no INESC TEC?
Sim, é verdade sou da área da Psicologia, com especialização em Clinica e Saúde. Foi durante o meu projeto de doutoramento (2012-2016), sob a co-orientação do Prof. João Paulo Cunha, que tive contacto com o C-BER. O meu envolvimento neste grupo tem me permitido adquirir/desenvolver competências mais técnicas nas diferentes áreas em que o grupo trabalha (ex., engenharia biomédica, informática). O C-BER tem uma linha de investigação relacionada com a Saúde Ocupacional, e o estudo de processos como o stress, a fadiga, pelo seu grau de complexidade, deve ser realizado numa perspetiva multidisciplinar. A Psicologia dá-nos ferramentas para uma melhor compreensão de processos mentais e comportamentais associados à saúde mental, sendo fundamental para o desenho de planos de investigação, aplicáveis aos contextos experimentais e ecológicos. Considerando o exemplo do stress, em Psicologia os dados recolhidos são essencialmente descritivos, subjetivos e muitas vezes analisados através de abordagens mais qualitativas. A utilização de ferramentas tecnológicas, como é o caso de uma plataforma wearable desenvolvida pelo grupo, permite uma quantificação e uma personalização das análises, suportadas por dados mais rigorosos/objetivos, bem como uma melhor avaliação do impacto do stress na saúde. Estas ferramentas são essenciais para que se realizem diagnósticos mais sustentados e consequentemente se desenhem intervenções mais eficazes na área da saúde mental.
2. [Duarte] Como é que surgiu a oportunidade de trabalhar no C-BER/INESC TEC?
A minha tese de final do curso de Bioengenharia (FEUP) foi desenvolvida no INESC TEC no grupo de investigação do C-BER, na área da instrumentação biomédica que é um dos fortes deste centro de investigação. Quando estava na fase final da tese fui convidado pelo Professor João Paulo para me juntar ao grupo após terminar o curso. Como ainda não sabia bem o que iria fazer depois de acabar o curso aceitei a proposta e até hoje ainda não parei de crescer profissionalmente neste centro que todos os meses tem novos desafios, novos objetivos e diversas áreas de R&D, o que para mim é ótimo pois permite-me aumentar o meu conhecimento a vários níveis. O que parece apenas ter sido uma mudança de edifício (FEUP -> INESC TEC) foi na realidade uma mudança que já teve muitos marcos na minha vida profissional e que tem contribuído de forma positiva para este centro de investigação.
3. [Susana] Esta nomeação é feita no âmbito da candidatura a projetos europeus. Qual tem sido o teu papel nestas candidaturas?
Relativamente aos dois projetos europeus que submetemos, o meu envolvimento começa desde a identificação e contacto com os parceiros, ao estabelecimento do consórcio e finalmente à escrita propriamente dita da proposta. Num dos projetos, assumi o papel de coordenação, sendo que em ambos os projetos o INESC TEC assume a liderança, o que tornou a nossa tarefa ainda mais exigente. O grande desafio foi gerir o envolvimento de um consórcio alargado e preparar as propostas num período de tempo limitado. No entanto, o trabalho da equipa, e essencialmente a preserverança, o otimismo e a calma do Duarte foram essenciais para que o nosso trabalho “chegasse a bom porto”. Agora é esperar que os resultados sejam favoráveis.
4. [Duarte] Que desafios o trabalho no INESC TEC ainda apresenta?
Um dos maiores desafios como membro do C-BER foi ter que desenvolver capacidades multidisciplinares para conseguir “atacar” em várias frentes: sendo um centro de engenharia biomédica abordamos e fazemos novos desenvolvimentos e pesquisa em diversas áreas como a programação, eletrónica, psicologia, medicina, gestão, por isso tenho que interligar, estudar, perceber e inovar sempre a pensar em vários âmbitos e aplicações. Como comecei a fazer a ponte entre vários membros do grupo tive que conseguir ter essa capacidade e isso só por si foi um desafio. Nestes últimos meses estive envolvido num desafio diferente de construir, escrever e submeter algumas propostas de projetos para avançar com as nossas ideias do centro. Daqui para a frente acho que próximo desafio será ajudar o C-BER a crescer como centro no INESC TEC, tanto a nível científico (que na minha opinião já tem estrela Michelin) como a nível estrutural, para dinamizar a área da engenharia biomédica que tem vindo a crescer muito nos últimos anos.
5. Terminamos este questionário, pedindo que comentem a nomeação, feita pela Coordenação do C-BER:
«Os coordenadores do C-BER propõem a nomeação da Susana Rodrigues e do Duarte Dias pela sua contribuição muito relevante para novos projetos do centro. Depois do C-BER ir ganhando massa-crítica científica desde a sua relativamente recente criação, esta equipa, com a sua dedicação e motivação, foi o principal motor interno para a submissão das duas primeiras propostas H2020 em que o C-BER é coordenador (uma de cerca de 6.5M€ e outra de cerca de 4M€). Consideramos este "feito" de grande relevância estratégica para o C-BER e para o INESC TEC.»
Queremos agradecer antes de mais à nossa coordenação por esta nomeação, fazemos sempre o nosso melhor e é sempre bom ver o nosso trabalho reconhecido. A nossa experiência em projetos europeus era muito reduzida, o que implicou todo um trabalho de estudo e aprendizagem através da leitura de documentos de apoio e pesquisas, para além da construção e elaboração da proposta em si. Não podemos também deixar de agradecer a constante disponibilidade e o espírito de entreajuda de colegas de centros com mais experiência e sucesso em candidaturas semelhantes, pela troca de ideias e dicas importantes na escrita das propostas. A nossa motivação de fazer o grupo crescer e a nossa vontade de aprendermos mais, pois cada parceiro traz um know how relevante, levou-nos a aceitar prontamente este desafio e a também tirar o máximo proveito dele para crescermos profissionalmente. Para nós uma tarefa que nos tira da nossa “zona de conforto” é sempre bom, pois desafia o nosso BRAIN a funcionar a 110 à hora.
